EDITORIAL: Como os gestores municipais podem ganhar com esse tempo de turistar em casa

O formato staycation deve prevalecer nas decisões pelas viagens de curtas distâncias

TURISTAR SEM SAIR DE CASA

Nada mais interessante para aproveitar o tempo de rever conceitos, fazer economia e – ao mesmo tempo – dar um banho de conhecimento novo no modo de ver as coisas da própria cidade ou das cidades mais próximas.

De um modo geral, todos os brasileiros passaram – e ainda passam – pelos tempos de se obedecer aos protocolos sanitários, precisando recompor seus planos de férias em locais mais distantes.

O trade turístico sofreu, imediatamente, os impactos dessas restrições por conta da pandemia a qual assolou o mundo.

IMPACTO

Com isso, muitas viagens foram adiadas, quando não canceladas... Reservas nos meios de hospedagem idem... Apesar de garantias, o tíquete diário esperado dos turistas ficou no zero absoluto.

Os prestadores de serviços se espremeram em redesenhar seus investimentos e negociar seus compromissos financeiros junto a fornecedores.

RETOMADA HOMEOPÁTICA

Pesquisa do Ministério do Turismo aponta para a preferência de 55% dos brasileiros terem foco em viagens menos longas, atualmente.

Com as perspectivas de se abrir, um pouco mais, o leque das opções para superação da crise econômica, muito marcante no turismo, autoridades e especialistas apostam suas expectativas e conhecimentos nas chamadas viagens de curta distância ou de proximidade.

Assim, os empreendimentos do trade turístico precisam estar atentos e capacitados  na formatação de pacotes capazes de atender à demanda reprimida por lazer, diversão e novas descobertas. Aí está a demanda por “staycation”, a viagem curta para turistar na própria cidade ou na região.

Definidas para distâncias num raio de até 300km, essas viagens tendem – naturalmente – a levar os turistas para locais os quais tenham atrativos naturais identificados, atrativos particulares formatados e consignados dentro dos padrões sanitários estabelecidos para o trade turístico.

Pousadas, restaurantes, cafés caipiras, socorros mecânicos (inclusive para manutenção de bicicletas), por exemplo, podem estar de plantão. Afinal, aventureiros ou peregrinos a pé, sobre bikes ou motos serão ainda mais frequentes nas rotas de levar a santuários ou atrativos naturais.

Como a economia está se convalescendo, mundialmente, a decisão por investir na própria região, em tempos de passear, se acentua e deve – naturalmente – contemplar àqueles prestadores de serviços preocupados em estarem adequados à essa nova demanda de retomada em doses pequenas.

Quem tiver produtos e/ou serviços ajustados à situação, mais depressa se recomporá por conta da preferência dos turistas regionais e pela recomendação destes a outros tantos turistas interessados em praticar o “staycation”. Do tipo: visitar o vizinho e voltar para casa de bem com a vida, descansado e com a certeza de ter bem investido suas economias.

COMO FICAR POR DENTRO DAS PREFERÊNCIAS

Neste caso de atrativos adequados para a formatação de um pacote de investimento em “staycation” recomenda-se, tanto ao turista como aos prestadores de serviços, os cuidados em verificar e obter o registro no Cadastur (Ministério do Turismo), gratuito e com direito a obtenção do Selo de Turismo Responsável, conforme definido na publicação do site oficial do MTur:

 “O Selo Turismo Responsável é um programa do Ministério do Turismo que estabelece boas práticas de higienização para cada segmento do setor. O selo é um incentivo para que os consumidores se sintam seguros ao viajar e frequentar locais que cumpram protocolos específicos para a prevenção da Covid-19, posicionando o Brasil como um destino protegido e responsável. Para ter acesso ao selo, as empresas e guias de turismo precisam estar devidamente inscritos no Cadastur (Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos). O objetivo é diminuir os impactos da pandemia e preparar o setor para um retorno gradual às atividades”.

As cidades brasileiras, de um modo geral, e as da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte têm, cada uma em conformidade com a visão de seus atuais gestores, buscado criar soluções para incentivar aos empresários do trade turístico a sua melhor capacitação para o mais bem cuidado receptivo.

Entretanto, não basta, neste caso, tentar promover a motivação dos prestadores de serviços. É preciso divulgar, de maneira técnica e atraente, os destinos de seu município.

O gestor e seu time de assessores não podem prevalecer sobre seus interesses políticos. Necessário é o exercício da política pública de promoção do Turismo Receptivo, o qual está intimamente ligado à Cultura Local.

INDISPENSÁVEL

Algumas ações interessantes de serem estudadas e, no menor tempo possível, colocadas em execução:

Capacitação dos profissionais Guias de Turismo  - com o oferecimento de oficinas direcionadas aos atrativos naturais e/ou particulares formatados e dentro de um plano de desenvolvimento do turismo capaz de identificar a cidade como Município Turístico de fato.

Capacitação de profissionais dos serviços locais – Oficinas dedicadas à orientação dos condutores de táxis, frentistas de postos de gasolina, servidores municipais lotados nos departamentos de trânsito, proteção ao patrimônio, fiscalização.

Melhor acompanhamento das ações, reuniões e projetos dos Conselhos Municipais de Turismo – os COMTURs. Algumas vezes é perceptível a caminhada do COMTUR de alguns municípios quase às cegas, apesar de estes órgãos terem a prerrogativa de serem, até certo ponto, “independentes” da gestão municipal.

ENTRAVE OU INTERESSE

Entretanto, considerando os COMTURs dependerem de recursos advindos do erário público e da responsabilidade assumida por seus membros  para um VOLUNTARIADO CONSCIENTE e não ausente, a Lei Municipal de regulamentação do Conselho Municipal de Turismo estabelece a necessidade de seus presidentes e membros cumprirem e fazerem cumprir a lei.

Infelizmente é-nos possível afirmar não ser bem assim, haja vista o fato de alguns conselheiros, levados a esse cargo supostamente pelo voluntariado, não comparecerem a nenhuma reunião além daquela realizada para sua posse.

Qual seria o motivo de a mesa diretora de um COMTUR não promover a substituição daqueles voluntários nem tanto interessados em contribuir, na representação da Sociedade Civil, para com o Turismo Receptivo de sua cidade? Medo de ferir suscetibilidades ou contrariar alguma indicação? Medo de perder apoio em caso de alguma decisão?...

Fica a indagação não como crítica, com o devido respeito a todos, mas, isto sim, como sugestão para se organizar um Conselho Municipal de Turismo efetivamente compromissado e responsável quanto às suas finalidades coletivas e não com a realização pessoal.

AMPLIAR O ENVOLVIMENTO

Administrativamente o papel do gestor municipal é procurar – e realizar – o envolvimento da sociedade civil no não muito fácil engajamento para o município se destacar como destino viável para os turistas regionais ou não.

Tecnicamente, entretanto, é urgente a gestão pública se movimentar na quebra de paradigmas e conquistar, realmente, a participação, o engajamento, a motivação dos prestadores de serviços turísticos.

Não adianta a prefeitura disparar na frente com propaganda institucional do Turismo, tentando dar publicidade às ações unilaterais da administração.

Os recursos precisam ser melhor pensados, a mensagem publicitária exige conhecimento a respeito sobre como COMUNICAR TURISMO. O achismo publicitário não tem mais espaço nas ações pelo sucesso do Turismo Receptivo.

É urgente, urgentíssimo, quebrar barreiras, expurgar quem não sabe nada e valorizar tantos quantos tiverem contribuição consistente para dar.

Esperar cada um fazer a sua parte já é coisa do passado.

Chamar a todos e, com todos de um lado só, dar competência e compartilhar trabalho.

Somente assim o Turismo engata a marcha de força com velocidade.

Do contrário, o gestor vai ficar sentando à beira do caminho tentando entender onde ou quando foi o momento de ter “enfiado o pé na jaca”.

REPRESENTANTES DO POVO

Os vereadores precisam, principalmente em se tratando dos membros de Comissão voltada para análise dos Projetos de Lei envolvendo ações para o fomento do Turismo Receptivo, entender de Turismo.

Os pareceres não podem parecer, apenas, cumprimento de item regimental. Estão obrigados de conter o verdadeiro sentimento/conhecimento da Comissão, com potencial para convencer aos demais pares numa decisão responsável. Sem “politicagem” capaz de agradar ao gestor municipal.

Da mesma forma, não podem “destinar” verbas impositivas (leia-se: dinheiro do contribuinte) para atendimento de demandas do Turismo sem os respectivos projetos e seus detalhes de custos e resultados. Todo dinheiro destinado ao Turismo de uma cidade precisa de estar referenciado no FUMTUR – Fundo Municipal do Turismo. Com finalidade de atender a  PROJETOS e não apenas como doações.

Se for para representar o povo, favor lembrarem: “POVO = SOCIEDADE CIVIL”, ou seja: contribuintes, cidadãos de todas as idades, credos, cores políticas...

Como seria administrar sem a efetiva participação do povo? Um desastre não muito incomum...

O contribuinte é o principal meio de sobrevivência no poder de qualquer gestor, ou parlamentar, caso estes se disponham em prestar o melhor atendimento à comunidade...

Penso assim.

E, assim, assino.

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista Independente, ME0091.207/SP

Gestor de Turismo

Publicitário ME0006631/SP

www.canal39.com.br

 

 

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