EDITORIAL: O receptivo turístico está em alta e merece atenção

Sondagem junto às agências e organização de viagem demonstra necessidade de maior atenção para o Receptivo

Bem cuidada praça em Areias, Município de Interesse Turístico do Estado de São Paulo (Foto: Edna Maischberger, Canal390
Acabamos de receber o Boletim de Sondagem Empresarial - Agências de Viagens (Publicado pelo Ministério do Turismo), referente ao segundo semestre de 2019.

No contexto Brasil, o retrato do desempenho das agências de viagem tem um perfil de estabilidade no número de empregados (informação de 51,9% dos entrevistados). Dos locais pesquisados, 39,4% afirmam ter havido queda de demanda, contrapondo-se aos 31,4% que afirmaram ter havido aumento de clientes.

Com relação às perspectivas para os próximos 6 meses, em todos os 3 itens (empregos, demanda e faturamento) houve expectativa positiva de aumento em mais de 50%.

O segmento mais procurado pelos turistas é Sol e Praia, com 45,9% da preferência. Um ponto a ser considerado pelos organizadores de pacotes é quanto ao segmento Diversão Noturna, que tem somente 0,3% de procura, enquanto o Turismo Religioso soma apenas 2%.

O Turismo Cultural/Patrimônio Histórico é o segundo colocado, bem distante – porém – do primeiro lugar. Na verdade, pouco mais do que 15%.

Natureza/Ecoturismo empatam com “Outros”, em terceiro lugar, com 10,6% e têm, em seu calcanhar, o Turismo de Negócios/Trabalho, com 10,4%.

Retrato Regional

Fatiamos o Relatório e ficamos com a Região Sudeste, onde se localiza a Região Metropolitanda do Vale do Paraíba e Litoral Norte.

Neste âmbito, vemos que, quanto ao número de empregos gerados pelas agências de viagem, 53,0% garantem ter havido aumento, enquanto apenas 38,6% informaram queda.

Os serviços ofertados sofreram queda notada por 41,4% dos consultados e 30,2% de estabilidade.

Apenas 28,9% dos pesquisados disseram ter havido aumento de faturamento. Para a grande maioria, 46,0%, não foi dos melhores nos últimos seis meses.

As expectativas dos empresários de viagem são bastante otimistas, com mais de 51% de empregos estáveis; demanda otimizada em quase 55%, promovendo o consequente aquecimento no faturamento, otimismo demonstrado por 52,2% do público-alvo analisado.

A renda familiar mais marcante entre os clientes das agências de viagem está na faixa de R$ 3.500,01 até R$ 9.000,00, seguida de perto pelos que ganham entre R$ 1.500,01 até R$ 3.500,00. Note-se que a faixa mais frequente é de maior amplitude, o que não significa que o teto é onde se localiza a maioria dos clientes.

Somente 12,6% dos clientes atingem faixa de renda superior a R$ 18.000,00 e procuram serviços das agências de viagem.

Quanto aos segmentos demandados, o perfil permanece praticamente inalterado em sua classificação, logicamente com os índices ajustados ao Estado de São Paulo e com um pouco mais de registros no Turismo Religioso.

Menos da metade dos clientes, na Região Sudeste, são casais com filhos: 43,3%. Casais sem filhos ou casais de namorados são, neste caso, clientes em potencial, pois somam 21,4%, enquanto que 23,6% viajam em companhia de mais um parente ou amigo.

O turistas solitários somaram 11,7% do total.

Turismo Receptivo.

A RMVALE tem, praticamente, todos os atrativos componentes desse mapa elaborado pela Rede de Inteligencia de Mercado no Turismo. Desde o campeão Sol e Praia até o menos cotado de todos, Diversão Noturna.

Conta com importantes agências de viagem, em sua grande maioria, se não a maioria, atuando em turismo emissivo, vendendo pacotes para outras regiões. Claro ser, para elas, essa atividade de grande importância, pois não há – infelizmente – em nossa RMVale, uma ação coletiva dos gestores de Turismo no intuito de melhorarem a promoção e a divulgação dos atrativos formatados e consagrados. Acontecem eventos isolados, privilegiando o bairrismo...

Temos muitos municípios classificados com MIT, Municípios de Interesse Turístico, somamos Estâncias e temos, numa fila de espera, mais municípios concorrendo à classificação MITQuanto a esse detalhe já consideramos os dados atuais, em outro artigo.

Focando o relatório da Rede de Inteligência, propomos um tempo de reflexão, neste tempo novo adentrado, no tocante à melhor adequação dos atrativos, sua maior divulgação, com planejamento integrado entre as 39 cidades.

Não basta reivindicar classificação ou titularidade, quando não há um foco de se promover a sedução do turista para visitar a Região.

As agências precisam, urgentemente, consultar e – acima de tudo – contratar profissionais Guias de Turismo, com registro de profissão junto ao Ministério do Turismo, no sentido de terem formatos possíveis de serem operacionalizados com turistas de outras regiões e, também, da própria RMVale. Sob guiamento especializado e responsável.

Há a necessidade dessa prática, inclusive, por conta dos programas de incentivo ao Turismo estabelecidos pelo Governo do Estado de São Paulo.

Por meio de convênios, grandes atrativos da Região podem estar com melhores condições de atendimento aos turistas, considerando-se o programa de privatizações.

O Programa SP Pra Todos foi vencedor do Prêmio Nacional do Turismo e tem, em um de seus propósitos, a intensificação do sistema Stop Over, por meio do qual os turistas de passagem pela Capital podem ocupar de 3 a 5 dias de sua viagem para visitar atrativos do Estado de SP, sem sofrerem acréscimos nos seus bilhetes de viagens aéreas.

O Stop Over é um programa que congrega a participação de grandes empresas aéreas as quais, com foco em um nicho de mercado, assinaram convênio com o Estado e disponibilizam um tempo para lazer e passeios por ocasião das conexões entre origem e destino.

Quebrando paradigmas

As agências de viagem, neste caso específico, sem prejuízo de suas atuais atividades, podem (ou devem) desenvolver contatos com o departamento de turismo de cada prefeitura, consultar Guias de Turismo Credenciados (portadores do Cadastur), manter estreito relacionamento com os COMTURs (Conselhos Municipais de Turismo) verdadeiramente atuantes. Organizar ou atualizar seus contatos de hospedagem, alimentação, serviços de emergência, transportes públicos, táxis, etc, para terem o mapa mental ideal no momento de oferecerem às agências parceiras uma contrapartida ideal, com direito a lucro.

Em Turismo, como em qualquer atividade, o sucesso está quando acontece a relação “ganha-ganha”, com a satisfação de todos dentro de uma relação competitiva repleta de ousadia e, acima de tudo, respeitosa.

Os profissionais de atendimento receptivo precisam ser treinados e capacitados, conhecedores dos trâmites de cada agência; sabedores dos atrativos e, acima de tudo, dos objetivos a serem conquistados com bons resultados. A simples contratação de auxiliares de escritório sem envolvimento/conhecimento é um risco. Daí, neste caso, vale investir na capacitação. Da mesma forma, recomenda-se a contratação de estagiários de cursos de Turismo.

Não há mais tempo de espera pelas ações da administração municipal. Vale, muito, provocar o desconforto de quem fica na zona de conforto.

Com toda certeza, se isso acontecer a curto ou médio prazo, os resultados publicados em agosto de 2020 serão mais favoráveis, consistentes e merecedores de aplauso.

Daí, estará ganhando quem não se acomodou no quadradinho do “desse jeito já 'tá bom”.

O Receptivo Turístico é, também, bola da vez.

Pense nisso, você que é Emissor... Seus clientes podem ter interesse em “correr trecho” na própria RMVale.

 

É a minha opinião.

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista de Turismo e Cultura - MTb36001

Gestor de Turismo.

Acesso a mais detalhes: BOLETIM DE SONDAGEM EMPRESARIAL - AGÊNCIAS DE VIAGEM

 

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