EDITORIAL: Sobre a volta da Estradinha

Proposta de reflexão à sociedade civil de Pindamonhangaba

A mídia, de modo geral, repercute o anúncio do governo de São Paulo a respeito de diversas ações no intuito de promover concessões, por meio das chamadas PPPs - Parcerias Público Privadas - envolvendo serviços hoje contidos nos diversos setores do Estado.

Um olhar mais cuidadoso, considerando-se as ações administrativas anteriores, foi dedicado à Estrada de Ferro Campos do Jordão, cuja sede, historicamente, se localiza em Pindamonhangaba e com terminal na Estância Turística de Campos do Jordão.

Alguns aplausos de entusiasmo são naturais, por parte do público em geral e no embalo das falas de pré-candidatos a cargos públicos no próximo pleito municipal.

Segundo o anúncio, A Estrada de Ferro de Campos do Jordão também será objeto de estudo, incluindo a linha férrea, estação e ativos imobiliários, também será estudada para possível concessão. O investimento previsto de R$ 160 milhões será aplicado na modernização e reforma da estrada eletrificada, considerando trilhos, embarcações e demais equipamentos.

Há bom tempo a Estradinha tem sofrido ataques de predadores humanos, os quais objetivam lucro com o roubo ao patrimônio público.

Por outro lado, sem operar efetivamente no trecho turístico mais consagrado, com embarque em Pindamonhangaba e destino Campos do Jordão, a ferrovia sofre as ações do tempo e da falta de manutenção preventiva.

Considerando-se o investimento previsto de R$ 160 milhões, há a possibilidade de a ferrovia vir a ser uma verdadeira referência em termos de modernização, haja vista a necessidade da adoção de técnicas viáveis para sua reativação com segurança, conforto, rentabilidade e, acima de tudo, sem vir a perder sua vocação turística.

Motivo de comemoração?

Sim, porém com os pés bem firmes no chão, também firme.

Pindamonhangaba não pode vir a ser, tão somente, ponto de partida para os turistas viajarem com destino a Campos do Jordão ou, mesmo, Santo Antônio do Pinhal.

Todo o percurso tem atrativos naturais; podem ser criados pontos de paradas para divulgação do turismo local, como o próprio Parque Reino das Águas Claras, contemplando, ainda, toda a produção artesanal da região.

Entusiasmo para o empresariado local?

Talvez assim, com esse impulso, sejam rompidas as amarras as quais ainda prendem o cérebro de muitos empresários da cidade nos arcaicos conceitos de economia.

Pindamonhangaba carece de visão ampla quanto aos conceitos de Acessibilidade, Mobilidade Urbana, preservação de patrimônios, capacitação do receptivo, mais respeito aos profissionais de Turismo (principalmente os Guias).

Os meios de hospedagem e de alimentação e demais serviços devem investir algum tempo e recursos no melhor treinamento e capacitação de seus colaboradores.

É preciso pensar em “aumentar o tíquete médio” de cada turista. Isso significa: motivar os visitantes a permanecerem mais tempo na cidade. Antes de viajarem pela EFCJ.

Já passou aquele tempo de as informações todas serem obtidas naquele famoso posto de combustíveis.

As entidades de classe (isso é urgente) têm a imprescindível tarefa de reforçar sua atuação quanto à consolidação da sua marca, de seus serviços e da bandeira da cidade.

Sinalização viária e turística, de modo geral é urgente. Um Centro de Informações e Atendimento ao Turista precisa ser consolidado e com horário adequado para os visitantes também é, destacadamente, necessário.

O acesso à informação, na palma da mão, precisa ser descomplicado e, por isso, um aplicativo do tipo “Tudo aqui” não seria demasiado.

Bolsões para estacionamento são essenciais para grupos de turistas e, nesse caso da EFCJ, demandam urgente planejamento, para não virem a ser objetos de desejo de estrangeiros.

A sociedade civil é a principal responsável pelos próximos anos do turismo, de modo geral, e da EFCJ, enquanto fonte de trabalho e renda para os locais.

Precisa se fortalecer, se organizar, se fazer presente e falar em todas as audiências públicas, em todos os Conselhos Municipais, principalmente de Turismo e Cultura.

Acreditamos, fortemente, no sucesso de toda essa ação do governo do Estado de São Paulo para o resgate da Estrada de Ferro Campos do Jordão.

Desejamos, de coração, esse evento vir acontecer.

Afinal, a Estradinha é página da história de todos nós.

Organização, é a palavra.

Ousadia, essa é a chave.

Sair do comodismo, é a solução de botar fim ao conformismo.

Não é possível esperar só das gestões, sem discutir ideias, sugestões, possibilidades.

Tudo demanda estudos (como o próprio governador diz) e exige projetos.

Os projetos precisam sair do papel e não serem, apenas, palavras de discursos bonitos em tribunas ou entrevistas oportunistas.

Querem ver a Estradinha em pé, rodando Mantiqueira acima?

Ponham suas expectativas nos trilhos, selecionem os discursos, embarquem de corpo e alma na vontade de Pindamonhangaba vir a ser, sim senhor, um Destino Turístico por conta da Estrada de Ferro Campos do Jordão e não, apenas, ponto de partida para quem pode consumir turismo.

Do contrário, não vai adiantar subir a serra e reclamar de tudo continuar na mesma.

Essa dica vai para todos, principalmente para quem representa o povo e para quem governa em nome do povo de Pindamonhangaba.

Penso assim.

Assino.

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista especializado em Turismo, ME91.207/SP

Publicitário, ME6631/SP

Gestor de Turismo pelo IFRJ

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