EDITORIAL: Recesso sem progresso no turismo de Pindamonhangaba

Ou: a arte de não querer ser protagonista no tempo de real sucesso do Turismo Receptivo

“A venda de um destino turístico requer o engajamento da população residente e visitante – o que exige superação de diferenças e a busca de objetivo comum” (extraído de publicação da Agência Amigo! Comunicação Integrada)

Acontece um tempo de recolhimento pelas bandas da vereança e de diversos setores municipais.

Vamos tratar de COMTUR?

Os revoltados de plantão podem até se coçar, criticando – mais uma vez – nossa liberdade de expressão e opinião, apesar de sombrios tempos nas terras Tupiniquins, Tapuias, Tupis, Carajás, Purubarás e um punhado mais.

Segundo informações de fontes confiáveis, mesmo oficiosamente, haja vista termos solicitado por meio de mensagens zapeadas, o texto “quase final” do Plano Diretor de Turismo Revisional está nas mesas do Jurídico da prefeitura.

Provavelmente não acontecerão as recomendadas, porém não obrigatórias, audiências públicas para suposta apreciação da sociedade civil Pindamonhangabense.

Suposta apreciação por conta do já acontecido quando da apresentação do PDT – Plano Diretor de Turismo inicial (ao qual apelidei de “livro das aberrações”). Na ocasião, o texto foi apresentado numa velocidade incrível, em evento ocorrido numa das salas do Museu Histórico Dom Pedro I e Dona Leopoldina.

Na época já foi uma “rasgação de sedas” para cima do alcaide, o qual conseguiu um segundo mandato, válido ainda até final de 2014.

Então, na época o PDT foi elaborado para compor o PL 288/2017 (ALESP ) para concorrer à classificação da cidade como MIT - Município de Interesse Turístico, passou por uma série de revisões e devoluções, não sendo aplicado – na prática – em nenhum momento, simplesmente perdendo a validade por “decurso de prazo” e pelo tanto de incoerências comprovadas.

Há 19 meses foi iniciado o PDT Revisional, necessário para atualizar a proposta de se promover o Turismo Receptivo local. A previsão para finalização seria em novembro de 2021.

Não há previsão de Pindamonhangaba vir a ser classificada como MIT, mesmo com o Projeto de Lei 583/2019 (incorporando o PL 288/18), nos próximos doze meses.

Onde fica o COMTUR nessa levada toda?

Acompanhamos as reuniões do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo de Pindamonhangaba durante cerca de quatro anos.  Tentamos contribuir, principalmente quanto ao pleito de titularidade como MIT, mas os atores principais simplesmente rebatiam nossas opiniões com desprezo.

Desse tempo todo como plateia nas reuniões, pouco foi produtivo pelas ações do Conselho. Parecia muita sardinha disputando pouca brasa; notáveis demonstrações de exclusivismo contra a partilha de informações e conhecimento.

Agora o COMTUR encerra/começa mais um ano sem muito ou nenhum progresso. Vão acontecer novas eleições, com possibilidade de prorrogação de mandato (prevista em lei), nenhuma divulgação objetiva quanto ao real envolvimento da sociedade civil com o órgão de assessoria à gestão pública municipal.

O COMTUR não tem espaço para se promover/divulgar, a não ser míseros centímetros de coluna no periódico noticioso da gestão.

Na convocação para as eleições, a relação de representações admitidas e, dentre elas: “j) Um representante do Corredor Turístico de Ribeirão Grande: e, k) Um representante do Corredor Turístico de Piracuama”.

No texto da Lei 6.122/2018 não constam essas duas denominações de representantes de setores da sociedade civil e, sim, respectivamente, “j) Um representante do Núcleo Turístico de Ribeirão Grande: e, k) Um representante do Núcleo Turístico de Piracuama””.

Seriam dois novos segmentos ou rebatizaram os existentes, por conveniência? Haveria a necessidade de oficializar esse rebatismo em aditivo à Lei?

Acreditamos ser necessário, sim, haja vista a afirmação do secretário de Cultura e Turismo, quando de eleição anterior, não ser possível a inclusão de representantes da Imprensa Especializada em Turismo por conta de não constar, no texto de lei, esse segmento.

Em tempo, a título de ilustração, o então secretário do COMTUR manifestou seu pronunciamento inflamado contrário à aceitação da criação dessa nova cadeira de representação por conta de termos formalizado o pedido de concorrer à vaga, com apoio do presidente da associação classista local. Justificou-se, o secretário do Conselho, afirmando, textualmente, conforme ata da 39ª Reunião ordinária do COMTUR (em 08/12/2020): “c) Esclarecimento de que não vemos a imprensa como representante da sociedade civil uma vez que a representação da sociedade e composta por empresários diretamente ligados a vocação turística do município”.

Na mesma convocação para novas eleições do COMTUR não consta a cadeira de representante da Associação Comercial e Industrial de Pindamonhangaba, ACIP. Foi abolida?

Isto posto, cabe-nos indagar aos possíveis responsáveis:

  1. A Lei 6.122/2018 foi reescrita com aditivos destinados a atualizar a denominação das cadeiras do COMTUR?
  2. Em caso positivo, qual o texto legal vigente?
  3. A ACIP não terá mais representação? 
  4. Um simples edital, num reduzido espaço da Tribuna do Norte é o bastante para todos os segmentos estarem informados?
  5. Os conselheiros acreditam, mesmo, não ser preciso a contribuição da imprensa especializada em turismo no tocante à promoção das ações do trade turístico?

Por esses destaques acreditamos na real carência do COMTUR em marcar território, fazer-se presente e atuante e não, apenas, anuir com a cabeça os insanos mergulhos da gestão do trade em Pindamonhangaba.

A publicidade oficial é, geralmente, para promover politicamente os gestores, e, por isso, se obriga em produzir textos fantasiosos, como a divulgação de ter participado de certames como “Top Destinos Turísticos” (competindo com municípios de comprovada melhor infraestrutura e com direito a verbas do DADETUR) ou “Cidades Excelentes”.

Nos Top Destinos Turísticos não houve segundo lugar. Apenas o campeão, ficando os demais classificados como participantes. Apenas isso.

A cidade de Pindamonhangaba tentou vencer nas categorias Turismo Cultural (apesar de inúmeros itens de seu patrimônio estarem em depreciação, como a Igreja São José), Gastronômico (não tem nada consolidado em termos de culinária típica a não ser um produto particularizado) e de Aventura (pode ter algum espaço, mas completamente sem infraestrutura receptiva). Ficou de fora nas três categorias, atrás de Botucatu (Município de Interesse Turístico), São Roque (Estância Turística) e Socorro (Estância Hidromineral), respectivamente.

O mesmo ocorreu com o “Cidades Inteligentes”. Segundo lugar não houve no item “Governança, Eficiência e Transparência”, algo muito distante da realidade municipal.

O primeiro lugar em Infraestrutura e Mobilidade Urbana deve ter sido puro acidente, haja vista o caos no trânsito citadino e o abuso dos comerciantes na utilização de seus espaços, falsamente lindeiros, ocupando calçadas e trechos das vias públicas como integrantes de seus estabelecimentos e contrariando o direito inalienável de ir e vir dos cidadãos comuns, inclusive os PCDs.

Reperguntando: Onde fica o COMTUR nessa levada toda?

Não fica, considerando-se a arrogância da gestão da pasta, mesmo em se considerando ter, na composição do Conselho, dois titulares e dois suplentes.

Ao COMTUR parece-nos ser cômodo apenas existir para satisfazer, teoricamente, a legislação corrente (?!) para a obtenção de algum título capaz de viabilizar recursos do DADETUR ou de outra fonte, em se considerando o também teórico FUMTUR (Fundo Municipal do Turismo).

Na verdade, o COMTUR precisa romper com as paredes de sua “bolsa d’água” e nascer para um tempo de resultados com as pernas próprias.

Do contrário, tudo fica resolvido lá pelos lados do palacete de vidro...

Novo tempo, possível de serem “curadas” essas imperfeições.

Basta acontecer mais política pública, menos politicagem, mais envolvimento verdadeiro do Conselho com a massa empresarial da cidade e com a comunidade, de modo geral.

Assim, os sonhos não passarão, moribundos, por sob as pontes, resvalando-se nas paredes da incompetência ou enroscando-se na soberba e na arrogância de poucos.

 

Minha opinião .

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista Independente Especializado em Turismo, ME91.677/SP

Gestor de Turismo pelo IFRJ

Publicitário ME6631/SP

Ilustração: Free download de pngegg.com/pt 

Composição: Marcos Ivan.

 

 

 

Comentários