CITY TOUR: Eugenio de Melo é destino muito agradável

Tradição, cultura, patrimônios e receptividade projetam distrito joseense

Manhã de sábado, 14 de maio, muito agradável.

Ponto de Encontro: Portaria do Parque da Cidade, São José dos Campos.

A paisagem do local já é um incrível presente da Natureza e exemplo de preservação.

Do grupo de participantes inscritos para o City Tour, histórico e cultural, por Eugenio de Melo, nossa reportagem foi a primeira a chegar.

Reunidos, a bordo do pequeno ônibus, habilmente conduzido pelo Ednilson, o Ed (ele gosta de ser chamado assim), contando com a presença das profissionais Guias de Turismo Mônica e Elaine Cristina, a Diretora de Turismo de SJC, Aline Arantes, recebeu a todos, em nome da municipalidade e o passeio teve início.

A Chorona foi-nos apresentada.

Uma árvore cadastrada no Guinness como uma das maiores copas. Sob esse verdadeiro “guarda-chuva”, segundo as guias, acontecem reuniões familiares, mesmo em tempo de chuva, pois a compacta formação de folhas impede a passagem da água.

No caminho, parada estratégica para incorporação, ao grupo, da simpática dona de um sorriso espontâneo: Dona Madalena, historiadora, poeta e Patrimônio Cultural Humano Joseense.

Com fala descontraída e, em alguns momentos emotiva, Dona Madalena nos conduziu a uma imersão por Eugenio de Melo, espaço de chão joseense ao qual conhece palmo a palmo. Poderíamos afirmar, sem erro, milímetro a milímetro, em se considerando histórias, tradições, hábitos e costumes do Distrito.

Um Jequitibá Rosa (precisa ser com iniciais maiúsculas, mesmo). Exemplar único pela região, comprovadamente (pela ciência) com mais de 500 anos de existência e sobrevivente às ações da Natureza e dos humanos.

Segundo nos contou a historiadora, o Jequitibá Rosa serviu, até, de “saco de pancadas” para os testes de resistência de carros de combate fabricados em São José dos Campos e sobreviveu a uma queimada.

Hoje é tombado como árvore símbolo, isento a corte. Por ser um exemplar fêmea da espécie, já teve, recentemente, seu período de florada e sementes. Próximo ao monumento, “filhotes” já crescem sob proteção.

Dona Madalena poetizou aos pés do Jequitibá Rosa e gotinhas de emoção foram sacudidas de seus olhos pela brisa passante. Um texto em homenagem a seu filho.

Passeio em ônibus seguiu, com algumas paradinhas para mais atrações, lendas e poesias faladas pela ilustre moradora do Distrito.

A Lenda das Três Jaqueiras e o tesouro; a importância da Estrada onde fica o Jequitibá Rosa (era o único caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro); a história da formação do Distrito e do Bairro Galo Branco. Cativando os participantes.

Parada na “Casa de Cultura Rancho do Tropeiro Ernesto Vilela”, mantida pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Sr. Hélio fez as honras da casa e nos colocou à vontade.

Tempo para uma esticada de pernas, “pipi house”, café com bolo (inclusive aquele bolinho de chuva...) e acolhida musical pelo grupo de violeiros o qual executou as preciosidades da nossa verdadeira música caipira. Mais poesia e resgates históricos.

Dona Madalena falou da lenda dos dois lobisomens distritais; contou sobre as contribuições de pessoas para o crescimento da região com qualidade de vida.

"Seu" Hélio, na tuba, nos presentou com um solo da “Valsa da Despedida”.

Pés no caminho, circulando pelas imediações. Ruas arborizadas, como todo o bairro, limpeza, boa sinalização.

Nova parada: Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Sede da Paróquia) e, em seguida, Capelinha da Santa Cruz, esta dedicada a São Benedito.

Ambas com interessantes momentos de dedicação e fé dos habitantes.

ACIMA: Visita à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, cuja imagem foi totalmente restaurada.

ABAIXO: Capela da Santa Cruz, na qual são guardadas as bandeiras de todas os grupos de Folia do Divino, por ocasião da festa.

Mais alguns momentos e se desenha, à nossa vista, uma simpática “estaçãozinha de trem”. A Estação Eugênio de Melo, construída pela negociação inteligente de fazendeiros da época de sua implantação. “O trem não ia passar por aqui”, disse Dona Madalena, explicando ter havido empenho de cidadãos e povo para isso acontecer.

Clics e mais poesia. Tudo muito bem preparado, com a indispensável participação de Mônica e Elaine e a coordenação da diretora Aline.

Uma das participantes foi orientada a não abrir seu “lanchinho” para não perder uma surpresa a acontecer. Aliás, agradável surpresa.

No outro lado da rua a qual dá acesso ao pátio da Estação Eugênio de Melo, um armazém com mais de 150 anos de existência.

Imaginem aqueles armazéns dos “antigamente” ... Prateleiras escondendo as paredes. Isso, exatamente, com um pouco de muito possível de ser procurado num armazém...

Cachaças, vinhos, salgados, doces, panelas, moringas de barro, legumes.

Algumas ferramentas, churrasqueiras, peças em alumínio.

O Carlinhos, dono do estabelecimento, declarou ter sido empregado de lá, quando garoto. Agora é o dono.

A surpresa, prometida para a moça não abrir o lanchinho: doces!

Suspiros, geleias, doces de banana, de abóbora, de batata, maria-mole de copinho... Aqueles doces da infância de todos nós...

Um doce mergulho às memórias infantis.

Telefones muito antigos, daqueles de manivela, enfeitavam o espaço onde não havia produtos expostos. Artesanato, queijos, violão sobre a geladeira, réplica da igreja matriz...

No canto do balcão, um pote com tampinhas de garrafas e outro, este com água e meia laranja emborcada. No fundo, muitas moedas, de diversos valores. Curiosidade aflorada, pergunta inevitável:

- Juliano, qual é o motivo disso aqui?

- Se você conseguir colocar uma moeda sobre a laranja e a moeda não cair, todo o dinheiro aí de dento é seu...

- Sério?

- Sério. É bem mais fácil com uma moeda de um real... (Risos)

Peguei cinco centavos e tentei. A meia laranja não deve ter gostado e inclinou-se, derrubando a moedinha dentro do pote...

- Eu não falei? Precisa ser de um real... (Mais risos)

Coloquei a moeda de um real.

A meia laranja parecia estar “de combinação” com o Juliano. Inclinou-se mais rapidamente e deixou a moeda unir-se às outras.

Coisas, mesmo, de armazéns tradicionais. Há sempre algum tipo de divertimento para alegrar mais o ambiente. Não poderia faltar no Armazém do Carlinhos.

Nesse momento um outro cidadão nos entregou algumas bananas, como presente. Pode ter sido o prêmio de consolação, por termos participado da brincadeira das moedas.

Passeio prosseguindo, parada muito cultural, também, na Biblioteca Pública “Helena Molina”, onde pudemos saber de o prédio ter sido, inicialmente, projetado para abrigar uma central de distribuição de energia elétrica. Nunca serviu para tal, vindo a se tornar espaço para outras atividades, inclusive como   escola e salão de baile.

Na Biblioteca, Dona Helena contou mais sobre o bairro, suas personalidades, recitou mais poesias autorais.

Fato pouco comum, em bibliotecas: por meio de sorteio, alguns participantes foram contemplados com exemplares de livros, oferecidos pela responsável do local.

Um City Tour o qual nos contemplou o sábado, muito agradavelmente.

Como jornalistas especializados em Turismo e Cultura, nos permitimos dizer sobre a importância de se consolidar passeios desse porte, abertos ao público da cidade onde acontecem e a turistas. Em menos de meio dia foi-nos possível conhecer, de forma agradável, muito sobre o importante Distrito de Eugênio de Melo, em São José dos Campos, o qual soma 40 bairros de um povo acolhedor, simpático e preocupado, inclusive, com a manutenção das tradições e da boa apresentação de seus espaços públicos.

DEPOIMENTOS:

“Foi uma surpresa a quantidade de histórias e lendas... Eu não conhecia nada de Eugênio de Melo. A roda de viola foi uma surpresa. Gostei bastante”, disse Daniel Lacerda Costa de Souza, engenheiro civil e militar, há 8 anos morador em São José dos Campos.

Para Flávia Machado Rigotti, agente escolar e cursando Podologia, o City Tour foi formidável. “Nós, moradores de São José dos Campos, temos muito a conhecer. A gente, conhecendo essa parte de Eugênio de Melo, é muito bom. Para nós e para os turistas. Muito bom esse projeto da Prefeitura”.

A engenheira Júlia Maria Marcondes Duarte, moradora em São José dos Campos, destacou não ter conhecimento dos detalhes de Eugenio de Melo, até então, apesar de ter atuado numa das unidades de uma fábrica de aviões quando ali instalada. “Gostei bastante da parte sobre a história de Eugenio de Melo. O City Tour aumento minha curiosidade sobre o Distrito”, afirmou.

Susan Catarine da Silva, pernambucana morando há 7 meses em São José dos Campos, aproveitou a oportunidade para conhecer mais o município, a partir de Eugenio de Melo. “Gostei bastante de conhecer a história de Eugenio de Melo. É interessante e recomendo para todos”.

Uma senhora, com três filhos, disse ter apreciado o passeio, por ajudar na educação dos mesmos e ampliar conhecimentos. “Até já reservei nossas vagas para o próximo City Tour”, disse em voz alta, ao final do passeio.

A edição de maio da Revista39 Digital trará mais detalhes sobre Eugenio de Melo, seu povo, suas histórias e lendas...

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Texto/fotos: Marcos Ivan, jornalista ME97.201/SP

Fotos: Edna Maischberger, jornalista fotógrafa ME92.677/SP

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