MARCHINHAS: Pindamonhangaba dá as cartas em Festival de Guaratinguetá

Artistas da “fábrica de anzóis” fisgam prêmios com interpretação, figurino, segundo e primeiro lugares

Introdução

O muito bem organizado V Festival de Marchinhas de Guaratinguetá aconteceu, em 2022, em formato virtual, transmitido pelas redes sociais da Secretaria de Cultura do município.

Contando com a cumplicidade irrestrita de uma simplesmente magnífica Banda, a Furiosa, autores e intérpretes se revezaram no palco do Festival, defendendo suas composições na mais popular e simplesmente democrática festa carnavalesca.

Todos os protocolos sanitários cumpridos, belíssima produção visual e serviço de som e luz competente deram, aos participantes concorrentes, o verdadeiro respeito merecido por todos quantos se dispuseram a cantar o Carnaval, mesmo virtual.

Naturalmente, em eliminatórias de festivais, os concorrentes se defrontam com a emoção mesclada de nervosismo e comprometimento pelo bom desempenho. Esse trio de sensações promove, na maioria dos participantes, uma espécie de euforia “perigosa”.

Ao mesmo tempo de defenderem a composição, buscam extravasar a tensão com algum tipo de alegoria ou coreografia. Isso, na maioria das vezes, compromete o desempenho necessário envolvendo dicção, respiração, uso do microfone e presença no palco.

Com esses elementos “fervendo” no ambiente, além da preocupação em demonstrarem tranquilidade diante dos demais concorrentes, importante é, realmente, a preparação bastante antecipada para enfrentamento ao momento das eliminatórias.

Passada essa primeira tensão, na fase final há uma aparente “reentrada” no estado de espírito necessário para o desempenho ser, definitivamente, compatível com a proposta de participar com bons resultados.

A avaliação técnica fica ao critério de um corpo de jurados reconhecidamente capacitado e habilitado para trazer, ao placar final do certame, os resultados plenos de cada participante, observando-se os critérios estabelecidos em regulamento.

A cidade de Pindamonhangaba contribuiu com 60% do Festival, ao classificar seis das dez marchinhas finalistas.

Breves notas sobre cada apresentação

  1. “A alegria voltou pra praça” – de Jota Macedo, defendida por André Luiz, da cidade de Potim, trabalhou discretamente o duplo sentido; arranjo com vinheta lembrando conhecido refrão de música de uma apresentadora infantil; teve interpretação prejudicada pela coreografia.
  2. “Bateu saudade” – marcha-rancho de Wagner Leandro “Muzak” Ribeiro, de Pindamonhangaba. O moço tem boa experiência em festivais de marchinhas, ganhador de alguns, passeou pelo romantismo proposto pelo ritmo. Saiu-se bem, ao lado da esposa e intérprete Ana Cláudia.
  3. “Preconceito” – de Alcides Moreira, de Pindamonhangaba, também apaixonado por certames carnavalescos. Uma fala musicada, formatando protesto inteligente e com base na história, declara ser preciso, realmente, combater-se o racismo. O arranjo trouxe, na introdução, uma "pitada" de marchinha antiga (“Linda Morena” / de Lamartine Babo). Com Wesley Silva, e novato no Festival de Guaratinguetá, Alcides tem potencial para chegar vencendo, em breve.
  4. “Fusca Marmita” – de Neiton Paulo de Carvalho, também intérprete, de Potim, trabalhou discreta e inteligentemente o duplo sentido, muito comum em festivais de marchinhas. Letra simples, melodia idem. Prejudicou-se com a preocupação de contracenar com o “Fusca” cenográfico, e a marmita. Pulou menos, comparando-se com a eliminatória. Mas pulou, prejudicando sua dicção e interpretação. Contribuiu para com a alegria do evento.
  5. “Cinco G” – de Enedino Garcia Ribeiro, de Pindamonhangaba, defendida por Dafferson Souza Oliveira. Um passeio raso pela onda da tecnologia, destacando algumas “qualidades” do chamado “5G” e comparando com os procederes das sogras. Segundo o compositor, a tecnologia não supera as sogras. Letra de intenção divertida, mas comportadamente defendida. Boa interpretação.
  6. “Hoje eu vou me embriagar” – composição de Carlinhos Andrade, apresentada por ele e Wagner Muzak. Uma brincadeira com a temática da cachaça, suas diversas denominações e uso. Os dois se divertiram, com moderação, e levaram em bons passos, a marchinha até o final. Talvez, diminuindo a coreografia, dariam mais equilíbrio à atuação. Mais uma composição representando Pindamonhangaba.
  7. “Entre o rabo e o chifre” – composição de Walter Leme, de Pindamonhangaba. Leme é “vovô” de muitos autores e intérpretes de festivais. Nos anos 70 realizou o primeiro Festival de Pindamonhangaba, o qual aconteceu por mais uns três anos. Resgatado (após 30 anos de "gaveta") pelo compositor, o evento acontece há bons anos. Sua obra para o V Festival de Marchinhas de Guaratinguetá aborda, de maneira satírico-trágica, dois fatos possíveis: a falência do relacionamento conjugal (pela traição) ou o sofrimento por ataque de um touro. Nas duas situações o chifre é componente. Bem defendida pela filha Juliana e pelo amigo Heron.
  8. “Florisbela” – outra de Alcides Moreira, com a interpretação dele e do sobrinho Wesley. Marcha-rancho romântica, falando de flores, aromas e amores. Bem conduzida. Como dissemos, brevemente ouvirão falar mais desse moço apaixonado pela família e por festivais.
  9. “Menininha do sorriso” – Sinceramente, ao nosso entender, um patê de ritmos acoplados sob o revestimento de marchinha. Algumas pausas para mudança de andamento ou ritmo quebram o entendimento. Até a gargalhada inserida não se explica, pois o contexto é para um tanto mais de reflexão sobre a intenção inicial. Levada para a final, defendida pelo autor Thiago Theodoro, de Guaratinguetá, foi apresentada em interpretação solo da parceira de eliminatória, Cláudia Azevedo.
  10. “O bicho do zap zap” – composta por Murilo Galvão, de Guaratinguetá, contou com o autor e o avô Luiz Gonzaga em sua apresentação. Temática sobre o uso do aplicativo de mensagens mais popular na atualidade, prática capaz de contaminar muitos mais, em relação a um simples espirro. Bem melhor na final. Murilo precisa evitar “gritar” a letra. Cantá-la, apenas, já é suficiente.

Nota: Esses comentários não representam nada além de nossa percepção enquanto jornalistas, radialistas e participantes de jurados de festivais. Não representa a opinião do corpo de jurados e da organização do Festival de Marchinhas de Guaratinguetá.

(Marcos Ivan de Carvalho, jornalista independente, ME91.207/SP)

OS PREMIADOS:

Melhor Torcida – “Menininha do Sorriso”

Melhor Figurino – “Bateu Saudade”

Melhor Intérprete – Juliana Leme e Heron, com “Entre o chifre e o rabo”

3º Lugar – “O bicho do zap zap”, de Murilo Galvão

2º Lugar – “Bateu saudade”, composição de Wagner Leandro “Muzak” Ribeiro

1º Lugar – “Entre o rabo e o chifre”, de Walter Leme.

Observação:

Nas premiações de muitos festivais é possível observar-se, quando se trata de anunciar o Melhor Intérprete, a natural definição pelo primeiro colocado.

Não é possível imaginar-se o prêmio de Melhor Intérprete estar desconectado da melhor obra. Naturalmente por conta de “Interpretação” ser componente para avaliação da afinação, essência da melodia, entendimento da letra, envolvimento com a banda e público.

Assim, por coerência, o primeiro lugar conecta o entendimento de se definir o Melhor Intérprete.

Caso contrário, seria como promover-se um festival na tentativa de agradar mais pessoas e não contemplar a melhor qualidade contextualizada pelas notas efetivamente conferidas aos concorrentes. A não ser quando o Melhor Intérprete surpreende, até, o intérprete da campeã. Será possível?

Infelizmente, não é difícil observar-se Melhor Intérprete não integrar o valor da Melhor Composição...

Parabéns aos jurados convidados pela Secretaria de Cultura de Guaratinguetá. Conhecimento, comprometimento em seu desempenho.

CRÉDITOS: Fotos obtidas de snapshots durante a transmissão pelo canal do YouTube da Secretaria de Cultura de Guaratinguetá.

O VÍDEO ABAIXO CONTÉM A APRESENTAÇÃO DAS 3 MARCHINHAS PREMIADAS EM 2022.

PARA ASSISTÍ-LO, CLIQUE NO QUADRADINHO   DO PLAYER DE NOSSA RADIO WEB, ALI NO TOPO DESTA PÁGINA, PARA SILENCIÁ-LA.

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Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista Independente, especializado em Turismo e Cultura, ME91.207/SP

Publicitário ME6631/SP

Gestor de Turismo

Radialista

Jornalista responsável do Canal39

 



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