EDITORIAL: Considerações a respeito da inauguração da estátua na rotatória João do Pulo

De tudo quanto foi dito, ouvimos e fizemos alguns recortes do saído das bocas

Não estivemos no local do evento, por óbvias razões de sermos imprensa independente e não concordarmos com o desmanche ocorrido do Monumento idealizado por um artista plástico, consagrado, em homenagem a João Carlos de Oliveira, e instalado na Rotatória João do Pulo desde 2002.

Porém, por meio da tecnologia utilizada por outros profissionais da comunicação, os quais lá estiveram presentes para registro do evento, pudemos nos orientar para elaborarmos considerações a respeito do por nós denominado como:

RECORTES DO SAÍDO DAS BOCAS.

(Não consideraremos o locutor, simplesmente por ser cargo comissionado deveria se limitar ao trabalho de locução e não de animação, pedindo aplausos... Aliás, caberia ao cerimonial orientá-lo a respeito).

Vamos aos recortes:

HUGO LUKAS, o artista plástico – referiu ser um retratista e produtor de bustos, sendo proprietário de uma fundição, com a qual trabalha seus projetos em bronze. Ou seja: Sabe desenvolver projetos pequenos. Para ele foi um desafio produzir a estátua do atleta. Achou interessante fazer seu trabalho aparecer...

EVERTON CHINACHI, outro cargo de confiança. Naturalmente só iria elogiar as ações para a instalação da estátua. Em sua fala já deixou claro não entender diferenças entre Monumento e Estátua. Destacou a colocação da estátua (talvez pretendesse dizer Monumento) no Centro Esportivo “João do Pulo”.

JOSÉ CARLOS GOMES, o CAL – presidente da Câmara de Vereadores, disse ter “visitado” a estátua do João do Pulo “lá no Centro Esportivo”, teceu alguns comentários sobre a convivência, enquanto jovem, com o lavador de carros, futuro recordista.

Barrigada: Cal disse saber da existência de uma lei municipal para a realização da “Semana João do Pulo”. Foi pesquisar e o “pai da criança” era o próprio presidente em exercício. Lembrou ser preciso fazer o cumprimento da sua lei...

Pediu tratativas do prefeito junto aos deputados (... ... ...). Isso mesmo, demorou em lembrar os nomes dos deputados parceiros do prefeito, para a “recuperação” da medalha usurpada por fraude nas Olimpíadas de Moscou.

Como rotineiro frequentador dos velórios e cemitérios, pediu ao prefeito um trabalho de restauração do busto de João Carlos de Oliveira instalado em seu túmulo.

(Vejam a incoerência: todos “homenageando verdadeiramente a memória de João Carlos de Oliveira” e seu busto, no cemitério, precisando de socorro).

RICARDO PIORINO, vice prefeito e secretário de Governo e Serviços Públicos – Discursou com veemência política, naquelas de buscar impressionar ao reduzido público presente.

(Aliás, muitos eram das escolinhas da SEJELP e devem ter sido “conviconvocados”).

Posicionou o prefeito num status de “quebrador de paradigmas”. Na verdade, não é quebrador de paradigmas. O prefeito destruiu, sem justificativa plena e incontestável, uma obra de arte consagrada, até, em revistas de esportes e turismo, aqui Wikepedia  e aqui , dentre tantos outras citações.

Naturalmente, por ser, o prefeito, um “quebrador” talvez já tenha providenciado a remoção das informações  contidas nessas duas páginas de consulta pública...

O vice-prefeito e secretário também considerou falta de coragem dos prefeitos anteriores em remover o monumento até então existente na rotatória.

Na verdade, não faltou coragem.

Sobrou respeito à arte, aos patrocinadores, ao artista e ao homenageado.

Sentia “vergonha” quando algumas pessoas indagavam qual a representatividade daquele “homem de lata”.

Isso é lógico, caro senhor vice... Já ouviu dizer sobre a necessidade de se perguntar, quando não se sabe?

Por outro lado, o senhor “vereou” por 16 anos e nunca teve a ideia de fazer uma consulta pública para saber se o povão gostava ou não do Monumento criado por Lizar?

Pareceu até o Cal, por este ter esquecido a obrigatoriedade fazer cumprir a própria lei por ele criada...

(Estes parênteses são para destacar a atual pouca preocupação dos edis com as próprias ideias, haja vista dobrarem os joelhos para quem está no palácio de vidro. Nada muda, apenas algumas moscas...).

Dizer não haver capacidade para entender a proposta do artista plástico Lizar, idealizador do Monumento de 2002, foi assinar a falta de respeito à arte. Se não entendeu, não era para pensar e/ou concordar com a destruição... Bastaria ter pedido uma monografia ou memorial descritivo, normalmente escritos para justificar a obra e o investimento.

Quanto à escultura do segundo artista convidado para representar João do Pulo em material sintético, declarou ter acontecido um erro (grotesco, por sinal) e humildemente buscaram corrigir com algo capaz de realmente representar o campeão.

Ora, quanta ingenuidade!

Bastava devolver o Monumento original, agora destruído ou, pelo menos, descaracterizado.

O povo clamava por essa ação reparadora.

Porém, em se considerando a verve política, seria assinar o atestado de derrota em público e sem efeito reversivo.

(Nesses parênteses um detalhe: já pensaram se o João do Pulo número dois fosse instalado antes das eleições?).

ISAEL DOMINGUES, o prefeito “quebra tudo” e “maquiador” misturou as estações, logo de cara, dizendo ser muito sentimental...

A ponto de chorar ao passar por um açougue e ver as carnes dependuradas. (Seria vegetariano, o moço?).

Reportou a beleza de a obra de Lizar ter sido instalada no Centro Esportivo, por respeito à arte e ao artista.

Daí não há como não deixar sair uma risada livre...

A segunda obra de arte, do Sr. Migliori, está no galpão da prefeitura e deverá ser reposicionada em algum lugar...

Em homenagem a qual atleta, haja vista não representar o medalhista, como reconhecidamente foi dito pela maior parte dos populares manifestantes?

Uma aberração de insinuação, tentando a famosa “saída à francesa” de uma situação difícil.

Levando sua fala, aparentemente de improviso, tentou justificar a mão esquerda, da estátua, erguida.

Resumiu-se em dizer sobre a necessidade de acabar com o preconceito de todos os tipos, sem se estender muito para não passar a noite inteira DIVAGANDO a respeito do tema...

Trabalhou, na verbalização, uma tentativa de configurar a prática do racismo estrutural, algo complexo até mesmo para os sociólogos de plantão.

Pecou, e provou do próprio veneno, ao citar cidades da região as quais prestam, em monumentos, homenagens a figuras ilustres.

Especificamente citou Frei Galvão (Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, primeiro santo brasileiro), um branco e com estátua instalada em Guaratinguetá (obra de autoria do Sr. Irineu Migliori) e de um artista da literatura, branco, em Taubaté. (Não citou o nome de Monteiro Lobato. Esquecimento ou falta de conhecimento?).

Na verdade, o nome de batismo do escritor era José Renato. Mudou para José Bento Renato para usar uma bengala herdada do pai, a qual tinha as iniciais de seu nome inscritas nela. Lobato foi considerado racista, por causa de seus textos literários. Tinha consigo o direito de dizer a verdade. Foi alvo de questionamentos até mesmo junto às altas autoridades e muitos queriam seus títulos abolidos do ensino infantil. A leitura de seu perfil, por especialistas em comportamento, filósofos e sociólogos nos traz ser o de uma pessoa ambígua.

O prefeito considerou ser necessário existir uma representação do negro, pois o Monumento de Lizar não tinha esse condão.

Triste afirmação. O Monumento era pintado de preto, com a estilização de um atleta em pleno voo para alcançar a Medalha...

Estes foram alguns recortes saídos das bocas das autoridades.

A viúva do recordista pediu a palavra para destacar a falta de respeito popular para com a memória do atleta e para com os artistas e a família do campeão.

Cabe lembrar o seguinte: memes aconteceram e acontecerão, aos punhados.

Entretanto, é preciso entender ser a liberdade crítica de um povo livre (ainda) ao se manifestar contra as porcas e malfadadas ações de quebradeira instituídas nessa gestão.

Se não mexessem no Monumento de Lizar, nada aconteceria. Não existiram “memes” para a ocasião.

É preciso entender, num resumo de ópera, o seguinte:

. Quem encomendou as obras posteriores ao Monumento de 2002 não precisaria se desgastar tanto. Porém, em sendo comissionado (a), preferiu agradar ao “quebrador”. Aprovou a arte de Migliori sem o menor conhecimento da realidade e da representatividade.

Contribuiu para o total constrangimento do artista.

. Quem escolheu o artista da obra recém-inaugurada precisou de mais de um ano para a mesma existir?

. João não é alvo de deboches, gozações, piadas, críticas, memes... Ele é vítima da política populista, oportunista e egoísta.

. Pergunta de passar a régua:

Vocês, pessoas todas do “povão de verdade” ficaram sabendo quais os patrocinadores, doadores das duas esculturas desenvolvidas para substituir o destruído Monumento de Lizar?

Exato. Não citaram os doadores. Será por conta de estarem, as autoridades atuais, acostumadas a passar a sacolinha, aceitar doações e não manifestarem sua gratidão?

É assim meu sentimento.

(Ia me esquecendo: em solenidades não se usa aplaudir após a execução do Hino Nacional. O cerimonial se esqueceu de avisar às autoridades a respeito desse detalhe).

Assino:

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista Independente ME91.207/SP, Publicitário ME 6631/SP, Gestor de Turismo pelo IFRJ.

Filho adotivo de Pindamonhangaba.

Foto ilustrativa: Obra de Lizar, destruída (o completamente descaracterizada).

 

 

 

 

 

 

 

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