TECNOLOGIA: Empresas mostram testes para divulgar tecnologia 5G

Americanet e Nokia apostam na demanda de nicho de mercado e promovem Showcase em Pindamonhangaba

NOTICIANDO, PARA EXPLICAR DEPOIS

O pátio da prefeitura de Pindamonhangaba acolheu, na tarde de segunda-feira (26), um evento produzido pela Americanet, prestadora de serviços de internet, e Nokia, fabricante de aparelhos de telecomunicação.

Anunciado como Showcase 5G, pelos organizadores, o evento reuniu representantes de instituições vinculadas ao trade das telecomunicações, autoridades governamentais e possíveis parceiros para a implantação da tecnologia DSS – Dynamic Spectrum Sharing (Compartilhamento Dinâmico de Espectro) constante da associação de recursos em 4G capazes de acelerar, de tal forma, as conexões de internet, aproximando-se fielmente ao modelo 5G “puro”.

Seria como, num exemplo bem rudimentar, um grupo de pessoas (vários espectros somados) auxiliando uma (conexão) a empurrar, ladeira acima, um veículo sem combustível (transmissão lenta de dados). A soma das forças resulta, naturalmente, num trabalho mais rápido e menos cansativo (DSS). Com a chegada do guincho (5G), a subida ganha mais velocidade ainda.

A soma dos recursos 4G acelera, principalmente, o download de informações e praticamente zera a latência, que é o atraso na chegada dos dados. Comumente, na atualidade, a latência é o grande martírio para os gamers, durante jogos online.

O evento foi aberto por Lincoln Oliveira, CEO da Americanet, o qual discorreu sobre as propostas da empresa e o foco de ter escolhido Pindamonhangaba como base de apresentação do Case. O empresário pretende, caso obtenha concessão de explorar o mercado 5G, atender pelo menos 500 cidades paulistas, as quais tenham população até 100 mil habitantes.

Oliveira destacou a necessidade de as PPP – Prestadoras de Pequeno Porte coexistirem pacificamente com as Big Telcoms (grandes empresas). “O 5G vem exatamente para revolucionar, porque até então a fibra ótica estava sendo vista como solução única para todos os lugares. Só que este desenho de fibra ótica, no interior de São Paulo, acontece exatamente pelas PPPs. Elas vão levando a conectividade, a internet, para essas áreas mais remotas”, comentou Oliveira, contrapondo o grande trabalho desenvolvido pelas Telcoms de ponta nos grandes centros e apontando a quase indispensável necessidade de serem formatadas parcerias PPP/Telcoms para o sucesso pleno da implantação do 5G em todos os recantos do Estado, no caso específico, e do Brasil, de um modo geral. O CEO da Americanet objetiva focar suas ações comerciais e tecnológicas exatamente nos municípios com população até 100 mil moradores.

Pela Nokia, Luiz Tonisi alinhou seu compromisso de continuar, a empresa, desenvolvendo pesquisas e produtos para a tecnologia de ponta; destacou as aplicações da mesma em um infinito universo de situações, inclusive telemedicina, controle de veículos sem condutores, avanço na robótica industrial, segurança das cidades, etc. “Eu costumo dizer que o 5G não é mais um G. Eu diria que o 5G realmente vai revolucionar o mundo em que vivemos. Não vai ser só a plataforma dos humanos, vai ser a plataforma das máquinas, onde nós vamos entrar num mundo de interação. Vamos vivenciar uma escala de produtividade no mundo nunca antes vista. E se alguém afirmar como vai ser o mundo, daqui a dez anos, por conta do 5G, a única certeza que eu tenho é que estará mentindo”, comentou Tonisi.

Com essa fala, o CEO da Nokia quis destacar a parceria firmada com a Americanet e se disponibilizando a somar forças com outras PPPs, por conta de focarem em um perfil de público consumidor ao nível de 35% somente no interior do Brasil. Teoricamente, não antevendo a chegada das Big Telcoms a esses recantos mais distantes e, por conta disso, a presença das Prestadoras de Pequeno Porte. “Eu acho que o 5G tem que ser para todos os brasileiros, todas as indústrias e todos os segmentos”.

Outras falas aconteceram, da parte dos representantes da Anatel. Leonardo Euler de Morais, presidente, fez breve pronunciamento online, saudando a todos. Moisés Queiroz Moreira e Vicente Aquino, conselheiros destacaram os esforços para a adição de 100MHZ ao bloco de 3,5MHz, destinados a atender à demanda a ser coberta pelas PPPs. Aquino, dirigindo-se ao responsável pelo setor técnico da Anatel, formulou seu pedido pessoal para ser avaliada, com muita atenção, a possibilidade de as PPPs virem a merecer atuar no 5G dentro do quantitativo dos 100MHz especificados, inserindo essa proposta ao texto final do Edital de Leilão para concessões 5G, o qual deverá ocorrer em meados de maio ou junho do próximo ano.

Representando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Regiane Relva Romano, transmitiu, em nome do ministro Astronauta Marcos Pontes, os seus cumprimentos a todos e destacou, em brevíssima fala, a importância das ações para consolidação da melhor conectividade em todos os setores, em benefício da ampliação do conhecimento humano e qualidade de vida.

Pelo Ministério das Comunicações, José Afonso Cosmo, reforçou a parceria com a agência reguladora e o papel das PPPs, as quais ocupam um nicho ainda não atingido pelas grandes empresas. Alinhou a necessidade de se elaborar regulamentos e editais capazes de inserir as chamadas Prestadoras Competitivas (PPPs) no processo a se iniciar após a homologação dos contemplados em leilão futuro.

Nas fotos (frames de transmissão realizada pelo canal Youtube): 01) Vicente Aquino, conselheiro da Anatel; 02) José Afonso Cosmo (do Ministério das Comunicações); 03) Lincoln Oliveira, CEO da Americanet; 04) Moisés Queiroz, conselheiro da Anatel; 05) Regiane Relva Romano, representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações; 063) Luiz Tonisi, CEO da Nokia no Brasil.

Maxwell Hamilton (foto ao lado), principal officer do Consulado Americano no Brasil, elevou o relacionamento entre as duas nações e afirmou ser, o século 21, um tempo de fronteiras digitais e a expansão da internet, confiável, segura e rápida, tem mudado a democracia, sociedade e economia. “Porque essa transformação é profunda, os riscos à privacidade, comércio e à segurança nacional são grandes. Temos que construir uma rede que proteja nossos valores e preserve os princípios básicos nos quais democracias se baseiam: o direito de privacidade, livre expressão; temos que defender nossa soberania econômica, a propriedade intelectual e os direitos humanos”, falou a autoridade americana, alertando para a importância de se bem escolher e conhecer a confiabilidade dos fornecedores da tecnologia 5G.

Após os discursos, aconteceram demonstrações, em circuito fechado, de usos e aplicações da tecnologia 5G.

EXPLICANDO AGORA

O Showcase Americanet/Nokia reuniu representantes de PPPs, fabricantes de aparelhos e autoridades do segmento das comunicações.

Houve a apresentação clara das intenções de a Americanet vir a explorar o nicho de mercado no qual as grandes prestadoras teriam, num primeiro momento, dificuldade em atender. Naturalmente estas buscarão cobrir o maior número de grandes centros para depois virem a pensar nos recortes mais distantes do Brasil.

A tecnologia mais próxima ao 5G (denominamos “5G puro”) é o Dynamic Spectrum Sharing ou compartilhamento dinâmico de espectro. Nada mais é do que a soma de velocidades 4G para atender à demanda reprimida em alguns usos finais.

Para a implantação definitiva da tecnologia 5G, no Brasil, há – ainda – um tempo longo, pois o Edital de Leilão está em fase de discussão e ajustes, para posterior andamento nos meios legais, antes de ser publicado oficialmente. A previsão mais otimista é para ser tornado público em maio ou junho de 2021.

A tecnologia 5G exigirá, do consumidor final, investimento maior, haja vista o custo dos equipamentos, a contar do próprio rádio (aparelho celular) atualmente em uso. Os atuais celulares não comportarão, de início, o 5G. Alguns especialistas acreditam na possibilidade de se ter como fazer uma atualização dos sistemas, coisa que precisa ser avaliada quanto ao custo/benefício, comparando-se com um aparelho novo.

Então, há a indispensável necessidade de se tornar clara uma série de informações, muitas vezes “esquecidas” por quem tenta fazer uso da anunciada chegada do 5G ao Brasil:

01 – Nenhuma cidade brasileira tem tecnologia 5G implantada;

02 – Conforme o CEO da Nokia afirma, quem garante algo definitivo sobre o 5G está, definitivamente, mentindo. Tudo é muito novo para se garantir algo.

03 – Segundo publicações especializadas em tecnologia da comunicação, apenas um modelo de celular está disponível no mercado brasileiro, a um custo muito elevado, por conta de ser exclusivo e sem a utilidade para o qual foi concebido. Seria mais um tipo de comportamento consumista quem o desejar, no presente momento.

04 – Por não estar implantada e não existirem nem mesmo as PPPs concessionárias, não é possível nenhum tipo de promessa pública de uma cidade já estar habilitada e capacitada a operar em 5G. Haverá, na melhor das hipóteses, o funcionamento do DSS (compartilhamento dinâmico de espectro, baseado em 4G).

05 – Há, ainda, a necessidade de se destacar o funcionamento mais pleno do 5G com a utilização de antenas, as quais demandam autorizações especiais para instalação em regiões tecnicamente avaliadas e aprovadas.

06 – Baseados na fala de Maxwell Hamilton, será inevitável acontecer uma briga “de cães de guerra” entre os países detentores da tecnologia 5G interessados em fornecê-la ao Brasil.

Por outro lado, finalizando, se a Americanet pretende atender municípios com até 100 mil habitantes, a realização do Showcase em Pindamonhangaba demonstra, claramente, a consolidação de parceria com outra empresa já instalada na cidade, visando garantir atendimento ao mercado local, principalmente à zona rural.

Marcos Ivan, jornalista MTb36001, da Redação do Canal39.

(Reprodução autorizada, desde que citada a fonte e o autor)

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