CARNAVAL: Acadêmicos refletem sobre vaidade, mistérios e magia na Presidente Vargas

Lenda de Narciso e rainha malvada também passeiam ao som da bateria

O fenômeno da criação da raça humana, à imagem e semelhante do Criador foi trabalhado pela Acadêmicos do Campo do Galvão no Carnaval 2020 de Guaratinguetá.

De todas as dádivas oferecidas, com toda perfeição, a humanidade faz uso ao seu próprio critério, contrapondo amor e vaidade, competição.

O carnavalesco pinçou instantes das lendas e verdades, mistérios e magias tendo o simbolismo do espelho como revelador dos mais recônditos segredos da alma.

A rainha má, do conto de fadas “Branca de Neve” (“espelho, espelho meu...”) marcou presença, com sua caracterização clássica da produção cinematográfica. Segundo a história, o ciúme de se saber não ser a mais bela fez com que buscasse dar um fim em Branca. Aliás, no desfile, o casal mirim de mestre-sala e porta-bandeira faz referência a esse conto dos irmãos Grimm.

Aquele camaradinha Narciso, da mitologia grega, citado por ter sido alvo da profecia de não poder ver o próprio rosto, foi destaque em uma alegoria de pequenas proporções, mostrando o instante, segundo a própria mitologia, quando o belo soldado fita seu rosto num espelho d'água e se apaixona pelo que havia visto. Em algumas interpretações, esse fato colocaria, a todas as pessoas, em seu momento de total consciência do seu eu. Em outro tanto de considerações, Narciso é o egoísmo e a extrapolação da auto admiração. Outra leitura coloca Narciso como irmão gêmeo de uma moça, a qual, ao falecer, fez o rapaz ficar totalmente prostrado, definhando até a morte. Ao fitar-se nas águas, imaginava ver a irmã. No lugar onde seu corpo tombou inerte nasceu a mais bela flor: narciso.

Notável esse registro dos compositores do samba na frase “Face a face, vaidade e amor / Nasceu narciso, a mais bela flor”.

Crenças populares e magias também compuseram o enredo e se retrataram em alas. Para não se perder a sorte, espelhos não podem se quebrar. Oxum, orixá considerado da vaidade e das águas, propõe, no enredo, reflexão sobre controlar comportamentos humanos, resistindo, até, a algum tipo de fascinação.

A Ala das Baianas, aparentemente (por conta do adorno em formato de concha estilizada, sobre o colo das componentes), remeteu o entendimento do enredo para outro momento da crença popular, ao buscar inserir Iemanjá no contexto. Para alguns autores, Iemanjá também é símbolo de sedução.

No samba, uma “viagem” mental, a qual os autores imaginam ser um conto cheio de realidade, repleto de encantos e magia, traduzido em fantasia de carnaval, ocasião na qual muitos vivenciam uma fictícia condição de busca cotidiana, podendo extravasar seus sentimentos.

O resplendor da criação, representando a luz transcendental, esteve nas fantasias da Comissão de Frente, com utilização de adornos iluminados por leds.

Curiosamente, neste Carnaval 2020, as Escolas Acadêmicos do Campo do Galvão e Embaixada do Morro trabalharam elementos idênticos em alegorias, adereços, fantasias e samba: espelhos, Oxum, o fenômeno da Criação, sedução, fascinação, vaidade...

CLIQUE AQUI, PARA ASSISTIR AO VÍDEO COM TRECHOS DO DESFILE.

VEJA, AQUI, ALGUMAS FOTOS

(Comentário especificamente sobre o visual do desfile e letra do samba enredo)

Texto: Marcos Ivan de Carvalho / Fotos: Edna Maischberger, Canal39.

 

 

 

 

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