CARNAVAL 2020: Embaixada do Morro fala do vidro e fica com o vice-campeonato em Guaratinguetá
Dos fenícios até a modernidade, Escola narra a evolução do vidro mesmo sob chuva.
A Comissão de frente da Embaixada já trazia, em sacos de aniagem e cestos de bambu, os mistérios da transformação, sugerindo a magia ou alquimia, da produção do vidro.
Em coreografia comportada, mesmo por conta das mãos estarem ocupadas, os seus integrantes representavam os fenícios, povo que disputa, até hoje, a primazia da descoberta do vidro, mistura acidental de areia com natrão (então utilizado para tingir lã) e calor da fogueira que acenderam para se aquecer durante a noite.
A História conta que, pela manhã, no lugar do natrão haviam blocos transparentes, parecendo pedras preciosas.
Por seu lado, os egípcios, figurados na primeira alegoria, reivindicam para si a mesma invenção, com o uso da areia e outros elementos.
“Sobre pedra e areia, uma chama que clareia: nasceu inusitada alquimia”, conforme a letra do samba enredo, seria o momento de grande evolução da humanidade.
“Num sopro”, a arte se propagou”... O vidro soprado, técnica que permite a fabricação de objetos de arte, possibilitava a moldagem de infinito rol de produtos, de onde surgem os mestres na vidraria artesanal.
Com isso, o Oriente marca sua presença na evolução do vidro dentro da História da Humanidade.
Da Idade Média para o período da Renascença, a arte dos vitrais encanta o povo e, principalmente na Alemanha, quando por volta do século 14 se utiliza um banho de prata líquida para a fabricação dos espelhos, antes fabricados apenas com lâminas de bronze polidas.
Veneza é importante nessa arte da vidraria e vitrais. Estes, por sinal, foram, e são, muito utilizados em igrejas, para estabelecer-se um clima de maior motivação à espiritualidade, além do efeito decorativo, por conta da possibilidade de se utilizar fragmentos de vidro colorido. Artesanalmente o vidro se torna nobre, passando até a ser denominado cristal, conforme algumas especificidades.
Isso fica retratado, na Escola, por conta das vestes sugerindo os hábitos e costumes medievais e renascentistas. A passagem do tempo se registra, nas fantasias, com adornos de cabeça representando ampulhetas (relógios de areia) e batas com pendulos e mostradores dos relógios análogos, utilizados até hoje. "É tempo de ser feliz"!
A fabricação do vidro tem alguma relação, também, com os vikings. Isso fica registrado, no enredo, com a fantasia dos componentes da bateria, os quais ostentavam os inconfundíveis capacetes nórdicos adornados com chifres, segundo a criação dos pintores do século XIX.
Por seu valor, o vidro já foi utilizado como moeda de troca.
A história do vidro também tem momentos pelos lados da Grécia e do Império Romano, considerando-se, inclusive, as grandes batalhas entre esses dois povos.
Chegado ao Brasil pelas mãos dos colonizadores em forma de espelho, é citado no enredo como o leque/espelho (abebê) do orixá feminino Oxum, considerado a deusa da vaidade. Na Ala das Baianas isso ficou evidente. Lindas baianas.
Perfeitamente reciclável, o vidro contribui para a preservação do meio ambiente e, com o uso da tecnologia, evite a poluição, contribuindo para um tempo de melhor qualidade de vida.
O pessoal da Embaixada, descendo o morro, declara seu amor à Escola em plena festa de popular: “”De Vermelho e Branco”, desço o morro a cantar... Embaixada, minha vida, para sempre vou te amar! Sou vidrado em você... “A mais querida”, paixão que se reflete na avenida””.
A Embaixada do Morro conquistou o segundo lugar em 2020 com o total de 315,1 pontos.
(Texto: Marcos Ivan / Fotos: Edna Maischberger, Canal39)
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