FOTOGRAFIA: Museu Afro Brasil Emanuel Araújo inaugura exposição "Orquestra" fotografias de Xirumba, Patrimônio Vivo de Pernambuco
Mostra traz registros de mestres como Anderson Miguel, Barachinha e Salustiano, além de vozes femininas de referência como Dona Selma do Coco, Lia de Itamaracá e a poesia de Miró da Muribeca
FONTE: 4FCOM
FOTOS: Divulgação
O Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, inaugura no dia 27 de setembro, às 10h, a exposição de fotografias “Orquestra”, de Arlindo de Souza Amorim, o Xirumba, fotógrafo olindense reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco, com curadoria de Ariana Nuala e Rosa Couto. A mostra poderá ser visitada até 27 dezembro.
A ideia de “orquestra”, aqui, vai além do agrupamento musical: trata-se de um princípio que organiza a diferença — a convivência entre sons graves e agudos, silêncios e explosões, vozes e instrumentos distintos que, juntos, formam uma só pulsação. É também a metáfora que estrutura o conjunto de imagens de Xirumba, no qual cada fotografia traz seu ritmo, sua nuance, sua nota particular, compondo arranjos coletivos e novas cadências diante do olhar do público.
“Chamamos de Orquestra porque a fotografia de Xirumba reúne diferentes vozes, sons e gestos que, juntos, se transformam em uma pulsação coletiva. É uma obra que não apenas registra, mas compõe junto, criando novas cadências a cada olhar”, explica a curadora Ariana Nuala.
Atuando desde a década de 1970, Xirumba compreende a fotografia como composição junto às manifestações culturais de artistas negros e indígenas que preservam tradições como o maracatu rural, o cavalo marinho, a ciranda, a poesia e o maracatu-nação. Em “Orquestra”, a força dessas expressões se manifesta a partir do Cambinda Brasileira, maracatu fundado em 1918 e considerado o mais antigo em atividade ininterrupta no Brasil. As imagens fazem parte do projeto Terra Maracatu, desenvolvido pelo artista, cuja trajetória se confunde com a história do baque solto, surgido na Zona da Mata de Pernambuco.
A mostra reúne mestres e mestras fundamentais desse universo: Anderson Miguel, símbolo da renovação do Cambinda; Barachinha, cuja batida vigorosa remete aos cortejos da comunidade; Salustiano, elo entre o maracatu e o cavalo marinho. Também estão presentes vozes femininas de referência, como Dona Selma do Coco e Lia de Itamaracá, além da palavra poética de Miró da Muribeca, que devolveu às ruas o eco de quem vive à margem.
Para Xirumba, a rua é partitura essencial: nela aprendeu a afinar o olhar e a transformar fotografia em prolongamento de um batuque coletivo. Rostos e gestos tornam-se instrumentos de uma cadência maior, que guarda a sabedoria de gerações e confronta as marcas da colonização.
Não por acaso, o fotógrafo também foi convidado por Emanoel Araújo a integrar o acervo do Museu Afro Brasil, reconhecimento de que sua obra compõe dentro e fora, sem perder o compasso.
Serviço
Museu Afro Brasil Emanuel Araújo – Parque Ibirapuera, Portão 10, São Paulo/SP
Abertura: 27 de setembro de 2025, às 10h
Visitação: terça a domingo, das 10h às 17h (com permanência até 18h)
Ingressos: R$ 7,50 meia R$ 15,00 inteira
Fechado: às segundas-feiras
Entrada gratuita às quartas-feiras
Em cartaz até dia 27 dezembro de 2025
Exposição “Orquestra”, de Xirumba
Sobre o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo
O Museu Afro Brasil Emanoel Araújo é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo administrada pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do seu fundador, Emanoel Araújo (1940-2022), o museu é um espaço de história, memória e arte. Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do mais famoso parque de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo conserva, em cerca de 12 mil m², um acervo museológico com mais de 8 mil obras, apresentando diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiro e abordando temas como religiosidade, arte e história, a partir das contribuições da população negra para a construção da sociedade brasileira e da cultura nacional. O museu exibe parte deste acervo na exposição de longa duração e realiza exposições temporárias.