ANCESTRALIDADE: Jongo da Independência resgata a tradição 3D em Guaratinguetá
Capoeiras se reúnem para jogar e, depois, começam a “jongar”.
Texto : Marcos Ivan de Carvalho
Ilustração : Divulgação
Mestre Jefinho do Tamandaré nos explicou: ainda dos tempos do chão batido, nos terreiros das fazendas coloniais, já acontecia a aparência 3D entre os escravos.
Eram as três práticas indispensáveis para eles terem um bom tempo de esperança não perdida, talvez reprimida, enquanto o suor, encantado de lágrimas, lhes lavava o rosto ou escoria pelas costas, tornando espessos os veios de sangue motivados pelas chibatas.
Em todos os momentos dessa jornada de poucos descansos nas senzalas, havia um tempo do primeiro D: a Devoção. Era quando, mesmo lançados e doloridos, aquela gente de fibra se organiza, de alguma forma, para venerar suas entidades sagradas.
Defesa, o segundo D, se constituiu pelos encontros de se jogar Capoeira, uma arte essencialmente oriunda do chão brasileiro e que atravessou a história, revelando-se arte para todos os tons de pele e idiomas.
As danças típicas do povo do terreiro tinham muito mais conteúdo do que podiam pensar as mentes de tantos quantos consideravam, apenas Diversão. Claro que existe, sim, o viés de diversão a cada ginga, a cada passo, em cada palavra dita (ou melhor, cantada).
O Jongo é esses momentos de fazer a ancestralidade transcender sobre quaisquer modelos “novos” de se festejar algum momento. O Jongo, ainda e até hoje, é uma forma de conversa instituída pelos negros, por meio da metáfora. Cantando, dançando, se alegrando, eles combinavam fugas, trocavam segredos, alimentavam suas esperanças por meio da troca de conhecimento.
Capoeiristas de diversas regiões brasileiras se encontram, no sábado, dia 06, para a celebração das tradições e participarem do Jongo de Independência.
Será em Guaratinguetá e, como sempre acontece, vai ser um tempo de muitos tambôs vazarem a noite que antecede a celebração do aniversário do Grito.
Quer sentir um arrepio espetacular, com direito a um banho autêntico de cultura ancestral?
Pega o boato mostrado aqui embaixo.
De repente, acaba nascendo uma simpatia pelo Jongo, pela Capoeira, pelo Bairro, pela cidade.
São, pelo menos, duas horas de muita velocidade, ginga, esperteza, mortais e palmas, muitas palmas, contrapondo atabaques, agogôs, caxixis, pandeiros, reco recos. Todos em perfeita harmonia com a “fala” dos berimbaus.
“Deixa meu gunga dizê / deixa meu gunga falá / você vai logo entendê, meu irmão / como é quié vadiá / Deixa meu gunga batê / deixa a viola fala...”
Serviço :
VIII Jongo da Independência
Dia 06 de setembro, a partir das 21h
Estrada Prof. André Alckmin, 2.000
Jardim Tamandaré, Guaratinguetá, SP.
ASSISTA A UM RECORTE DO EVENTO DE 2023. CASO A NOSSA RADIO CANAL39 ESTEJA TOCANDO, BASTA CLICA NO BOTÃO DE STOP, ALI NO TOPO DA PÁGINA, ANTES DE CLICAR NO PLAYER DO VÍDEO.