EDITORIAL: Antigo Caminho do Ouro Paulista é aprovado na ALESP
Com texto original acrescido de dois aditivos, projeto contempla o valor cultural da histórica via de transporte do ouro das Minas Gerais até o litoral, em Paraty (RJ)
Há história e a história precisa ser contada, preservada.
Já está consolidada a afirmação de que um povo sem história não tem memória, não tem identidade própria.
Fundamentada em resultados de pesquisas paleográficas e de intenso trabalho de campo, a proposta da deputada Letícia Aguiar (PP), após percorrer as Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, obteve, na 16ª sessão extraordinária daquela casa de legisladores, a aprovação para o reconhecimento do Antigo Caminho do Ouro Paulista como de relevância para a cultura regional.
De um primeiro momento, contendo ações documentadas para a conformação do trecho paulista do Antigo Caminho do Ouro, quatro municípios estavam efetivamente identificados: a Estância Turística de Cunha, Lagoinha, Taubaté e Pindamonhangaba, sendo estes últimos três candidatos à classificação como Municípios de Interesse Turístico.
Posteriormente, foram inseridos, pela própria autora do PL, o Município de Interesse Turístico de São Luís do Paraitinga e a Estância Turística de Tremembé. Cada um desses municípios deve ter percebido a importância desse reconhecimento e apresentado algum tipo de comprovação para integrar o roteiro. Para tanto, além das pesquisas em arquivos históricos, há a necessidade de consolidação do traçado físico, geograficamente definido. Não apenas em cartografia.
Desde o início se fez necessária a atitude dos municípios envolvidos para se declararem interessados em terem seu trecho de chão referido como integrante do roteiro.
Consta-nos a informação de não ter acontecido isso com Pindamonhangaba, apesar de estar no contexto desde a consolidação da primeira propositura da parlamentar.
A expectativa pela sanção do governador Tarcísio de Freitas precisa ser entendida, pelos municípios envolvidos, como o primeiro desafio a ser vencido: a Lei Estadual reconhecendo como de relevante valor cultural e, naturalmente, turístico o Antigo Caminho do Ouro Paulista exigirá o responsável entendimento no tocante ao trabalho de cada um no sentido de viabilizar essa nova ferramenta de fomento cultural e turístico no Vale do Paraíba.
Conforme Letícia Aguiar afirmou, em sua rede social, esse reconhecimento impulsionará a economia criativa regional e, se houver comprometimento real das cidades contempladas, poderá ser uma solução para geração de mais trabalho e renda, além da manutenção da história.
Caso isso não aconteça, não haverá vitória real das populações integrantes do traçado.
PESQUISA
Todo o trabalho de pesquisa documental foi desenvolvido pela especialista professora Lia Carolina Prado Alves Mariotto, paleógrafa e incansável pesquisadora.
Segundo ela, o traçado pesquisado em documentos foi elaborado em cartografia por seu filho, profissional da área.
Um documento base para orientar o projeto inicial.
Esse material instruiu tese defendida por ela na Universidade de São Paulo.
GARIMPO
Respeitando plenamente o trabalho de pesquisa de Lia Mariotto, precisamos destacar o inestimável valor do trabalho de campo, verdadeiro garimpo de caminhos, enfrentamento a espaços de chão de difícil acesso, entrevistas com moradores das localidades, registros fotográficos, anotações e muito mais. Foi preciso um investigador da história local, ou um garimpeiro de resultados para atestar a documentação.
Esse garimpeiro tem nome e sobrenome: Silésio Tomé. O moço é servidor público do município de Taubaté e, nos seus momentos fora do trabalho, exerce a profissão de Guia de Turismo, habilitado e registrado no Cadastur.
Compete ao Guia de Turismo, no exercício de suas atividades, estudar, pesquisar presencialmente espaços e caminhos e atrativos naturais para encantamento de turistas.
Quando imergiu nas ações pela consolidação do Antigo Caminho do Ouro Paulista SIlésio se sentiu em casa. Era prato cheio perguntar, fotografar, anotar, “xeretar” para ficar sabendo e ter o quanto e como mostrar.
Ao garimpeiro Silésio Tomé todos os méritos pela pesquisa de campo, comprovação do trabalho de Lia Mariotto no tocante aos municípios de Cunha, Lagoinha, São Luís do Paraitinga, Taubaté e Pindamonhangaba.
Em sendo sancionada, a Lei do Antigo Caminho do Ouro Paulista precisa ser entendida como um esforço de profissional de campo capacitado e habilitado para tal.
Ele sabe onde fica o “caminho do ouro”.
Por outro lado, aos municípios contemplados caberá a intrínseca responsabilidade de se fazerem merecedores e prestarem efetivo e constante trabalho de atendimento aos turistas e pesquisadores culturais.
Do contrário, uma placa em suas fronteiras para nada prestará e nem precisarão constar como mero integrantes do documento. É preciso estar, ser, fazer e acontecer.
Especialmente Pindamonhangaba que, até a publicação desse editorial, só está de carona no contexto, sem ter se manifestado oficialmente.
Contribuições ao projeto de Letícia Aguiar:
Deputado Olim, com requerimento para apreciação em caráter de urgência (março de 2025)
Deputado Gil Diniz, coautor (dezembro de 2024)
É isso.
Assino, com aplausos à conquista.
Marcos Ivan de Carvalho
Jornalista independente, especializado em turismo, MTE91.207/SP
Gestor de Turismo pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro/MTur/MEC
Membro do Conselho Deliberativo da AMITur (Associação Brasileira dos Municípios de Interesse Cultural e Turístico)
Filiado à ABRAJET/SP (Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo, seccional São Paulo)