TURISMO: O COMTUR e os prefeitáveis de Pindamonhangaba

As propostas de cada um a respeito do futuro do turismo receptivo

ATENÇÃO: Parece um textão, mas é preciso contextualizar!

Em feito inédito o COMTUR – Conselho Municipal de Turismo de Pindamonhangaba ouviu, na noite de terça-feira, 24, os quatro candidatos a prefeito do município.

Com o tempo individual de 10 minutos, sem direito a perguntas ou ofensas aos demais concorrentes, cada candidato, ou pelo menos três dos quatro, apresentou uma sinopse de sua visão quanto às ações pensadas para a próxima gestão, a iniciar-se em 01 de janeiro de 2025.

Antes de uma breve análise sobre as quatro falas, um lembrete amparado por Lei Municipal específica para o COMTUR: o Conselho só muda de governança em anos ímpares. Assim, a atual mesa diretora, salvo alterações, permanecerá até 31 de dezembro de 2025.

Abrindo o evento, Alex Cristian, presidente do COMTUR de Pindamonhangaba destacou, dentre outras expectativas, a necessidade de o Conselho ser respeitado como órgão assessor da gestão pública, fato atualmente pouco ou nada considerado.

Primeiro, as falas, resumidamente, e posteriormente uma síntese nossa.

TORINO DO SENAI (PSD)

Destacou a necessidade de o município ter uma identidade visual (place branding) a qual pode ser utilizada, inclusive, na confecção de souvenires. Citou a ideia de serem realizados grandes feiras, eventos e congressos (a exemplo de outras cidades turísticas) capazes de movimentar a economia local e não aqueles acontecimentos “passageiros”, quando o turista não explora o trade local.

Deseja consolidar, junto com o Conselho, um calendário específico para o turismo, destacando duas edições anuais voltadas ao balonismo.

Tem a palavra dos representantes do Agro para o resgate da EXPOVAP, contando com amparo de lei a ser proposta à Câmara de Vereadores.

Pretende promover a revitalização dos templos religiosos, como atrativos para os peregrinos frequentadores do Caminho da Fé, criar mais pontos de apoio, sensibilizando os romeiros a se programarem para um tempo maior em Pindamonhangaba.

Tem ideia de apresentar projeto para a instalação de uma “vila gastronômica”, criando opção ideal para o público local e de outras cidades usar seu dinheiro e tempo na cidade.

Com seu conhecimento técnico idealiza instalar três escolas profissionalizantes, municipais, incluindo cursos diretamente voltados para o trade turístico.

Tem um olhar dedicado ao turismo de aventura e ao ecoturismo, destacando a necessidade de os locais, como cachoeiras, terem infraestrutura adequada para acolhida ao turista.

Pretende melhorar os serviços de comunicação específica, para enriquecer o conhecimento do público local e promover melhor receptividade.

Está disposto a somar parcerias confiáveis; valorizar o trabalho dos pequenos empreendedores, atualmente com muitas dificuldades de conseguir trabalhar em muitos eventos e, quando conseguem, pagam altas taxas.

Pediu o apoio do COMTUR e assumiu o compromisso de montar seu staff para o segmento de turismo com pessoas técnicas e competentes.

HERIVELTO VELA (PT)

Tem propostas para revitalização do Mercado Municipal, Parque do Trabijú e restauração da Igreja São José.

No Turismo Religioso, também pensa em melhor atenção para o Caminho da Fé, o qual leva romeiros até o Santuário Nacional de Aparecida.

Pretende municipalizar o Parque Reino das Águas Claras e retomar os serviços de transporte ferroviário para os bairros ao entorno do trajeto da Estrada de Ferro Campos do Jordão.

Pensa incluir no currículo das escolas municipais disciplina voltada à educação para o turismo, incluindo História da cidade.

Também quer implantar um espaço gastronômico aos moldes do existente em Taubaté.

No Parque da Juventude vai criar espaço para esportes radicais e kartismo, resgatando o restaurante Biruta.

Citou Berta Celeste Homem de Mello como identidade da cidade, até mesmo internacional. (Aqui, uma observação: a escritora foi vencedora de um concurso para se escolher a melhor letra, em português, para o “Happy birthday to you” (Mildred Hill / Patty Smith Hill).

Disse sobre a importância de melhor programação para os chamados “festivais”.

No tocante à feira agropecuária, citou a recente ExpoPinda, alertando a respeito de ainda demorar um bom tempo para o povo se desvincular do legado deixado pela Expovap.

Considera importante a divulgação da cidade em feiras; vai incentivar os esportes.

Disse ser o único com possibilidade de articulação, junto às esferas federais, para a construção de uma arena multiuso.

Pretende conversar com Sabesp e Cetesb a respeito das águas do Ribeirão Grande.

PIORINO (PL)

Focou sua fala na proposta de melhorar os acessos à zona rural, com medidas paliativas para posteriores outras ações.

Vai discutir, com o COMTUR, um calendário para o trade, incluindo festivais de gastronomia, quer instituir a Festa da Padroeira como maior evento da cidade.

Citou rapidamente algo sobre ecoturismo e quer utilizar o Parque da Cidade para esportes radicais.

Vai construir uma ciclovia para a Estrada Municipal Jesus Antônio de Miranda e incentivar o Festival Gastronômico do Ribeirão Grande.

Falou sobre ter grande proximidade com o governo do estado e o presidente da ALESP para acelerar a classificação da cidade como MIT – Município de Interesse Turístico e a suposta mesma proximidade aventou para a restauração da Estrada de Ferro Campos do Jordão. (Esses dois temas abordamos na nossa análise final).

Disse ter participado das ações para fazer funcionar o Parque da Cidade, citando – como recente realização, o Rock no Parque.

Acenou com uma reforma administrativa para melhorar o atendimento.

Pinçou o tema Caminho da Fé e a restauração da Igreja São José.

Prometeu mais atenção ao COMTUR, inclusive uma sede para o Conselho e até um notebook.

GIOVANNI NICOLETTI (NOVO)

Não apresentou propostas de governo para o turismo.

Preferiu “subverteu a ordem” e garantir total liberdade para o COMTUR ser, além de consultivo, também deliberativo e executor, usando seus 10 minutos para destacar não ter sentido um Departamento de Turismo formado só por funcionários públicos.

“Quem tem que mandar na Secretaria de Turismo é quem está comprometido”, disse durante sua apresentação e “quem tem de dizer (ou fazer) o plano de governo é o COMTUR, destacando que este não pode se envolver em política e nem pode ser muito numeroso.

Combateu a realização da Expovap e criticou a “falta de ajuda” da cidade.

Aparentemente transferiu toda a responsabilidade pelo sucesso do turismo receptivo para o COMTUR: “Quem manda no turismo são vocês. O COMTUR vai definir e a prefeitura vai pagar”.

RESUMO:

Os três primeiros candidatos, de uma forma ou outra, demonstraram interesse em trabalhar melhor pelo turismo receptivo, sendo unânimes quanto ao turismo religioso, rural e gastronômico.

TORINO DO SENAI (PSD) – Apesar do pouco tempo, sentiu-se à vontade para explanar algumas bases de sua ação pelo turismo receptivo. Ressaltou o valor das boas parcerias, assumiu o compromisso de trabalhar parceiro com o COMTUR no apoio aos microempreendedores.

Garantiu montar um time de pessoas competentes e com o indispensável conhecimento técnico.

HERIVELTO VELA (PT) – Seu plano apresentado, segundo informou, contém 27 tópicos. Destacou, sob sua ótica, a importância da educação para o turismo. Assinou o compromisso de também ser parceiro do COMTUR.

PIORINO (PL) – Aparentou desconforto ao falar, “viajou” em algumas afirmações, demonstrou não conhecer o Plano Diretor de Turismo, objeto de Lei Municipal.

Como integrante da atual gestão, poderia ter se informado e até elencado algo contido nesse texto para alinhar supostas realizações.

Aludiu a criação da Secretaria de Turismo na atual gestão, primeiro mandato. Entretanto, já em 2014 havia, sim, um setor da Prefeitura responsável pelo Turismo Receptivo de Pindamonhangaba.

Prometeu ao COMTUR uma sede e um notebook, mas não garantiu nenhum tipo de cobrança por resultados. Quer parceria, sem cobrança? Para que uma sala, se o COMTUR se reúne uma vez por mês e já desfruta de bom espaço, no Palacete 10 de Julho?

Acena com ajuda, após oito anos da gestão dominar todas as maiores realizações anunciadas como turísticas, com poucas referências ou consultas/deliberações do COMTUR.

MIT – O candidato, e sua assessoria, estão desatualizados. O Projeto de Lei 583/2019, que pleiteia a classificação de Pindamonhangaba, não está tramitando pelas Comissões da ALESP. Já tem análise técnica terminada, com aval dos responsáveis da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, pronta para ser incluída na Ordem do Dia, juntamente com mais de 50 outros candidatos.

Afirmar ter já o apoio do autor do Projeto de Lei e atual presidente da ALESP, André do Prado e do governador Tarcísio de Freitas, é algo sensacionalista e sem garantia de sucesso, haja vista não existir nada definido para nenhum dos municípios envolvidos.

A classificação é tão somente técnica e não sob o peso de interesses, dependendo do desempenho dentro do grid final do ranqueamento dos municípios turísticos.

Em uma recente entrevista à Jovem Pan, o prefeito, que é seu maior apoiador, disse que os repasses para os Municípios de Interesse Turístico são insuficientes.

Sob a mesma fictícia proteção de Freitas e Prado, garantiu já ter conquistado a retomada da EFCJ. Não procede, pois a ferrovia já é objeto de estudos para concessão pelo PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e deverá atender, destacadamente, ao trade turístico, devendo ir à leilão a partir do segundo semestre de 2025. No mesmo pacote estão o Parque Reino das Águas Claras e o Museu Histórico Ferroviário.

GIOVANNI NICOLETTI (NOVO)

Pareceu-nos não estar muito interessado em falar. Sisudo, até mesmo arrogante, falou como se tivesse autoridade sobre os seus ouvintes.

Aparentemente não conhece a Lei do COMTUR, (6.122/2018 e aditivos). Por meio desse instrumento, o Conselho Municipal de Turismo é CONSULTIVO, DELIBERATIVO E FISCALIZADOR.

Para vir a ser, também, EXECUTOR, como propõe o candidato, o COMTUR estaria, obviamente, vinculado à Prefeitura como um departamento, pois precisaria de todos os setores técnicos municipais (Jurídico, Saúde, Financeiro, Planejamento, etc.) o que é responsabilidade do Executivo. Com isso, cai por terra sua afirmação de não entender um departamento de turismo formado por servidores públicos...

Para dizer que não tem planejamento para o turismo receptivo, o candidato nem precisaria dos 10 minutos para “lavar as mãos e se ver livre dessa responsabilidade”.

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AUTOR: Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista profissional independente MTb 91.207/SP, especializado em turismo; filiado à ABRAJET-SP e membro do Conselho Deliberativo da AMITur; Gestor de Turismo pelo IFRJ/MEC/MTur; Publicitário; Escritor.

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