EVENTO: Capoeiras dançam o Jongo da Independência em Guaratinguetá (contém vídeo)

Há oito anos o chão de terra celebra ancestralidade com a dança do jongo

“O Jongo tradicional, o jongo secular, é do Tamandaré. Esse aqui é o Jongo dos capoeiras, mas nós convidamos todo mundo”, explica mestre Jefinho, idealizador e organizador da festa com muita dança de raiz africana realizada em chão de terra na Estância Turística de Guaratinguetá (SP), mais exatamente no Sítio Califórnia, localizado na Estrada Vicinal Professor André Alckmin.

Uma reunião de mestres capoeiristas jongueiros começa com demonstrações de agilidade contida em cada movimento da modalidade considerada um dos 3Ds, segundo mestre Jefinho do Tamandaré: a Defesa. Os outros dois “ds” são Devoção, por meio dos cultos religiosos e Diversão, a própria dança do Jongo.

Nesse encontro, mestres capoeiras de diversas localidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Rio Grande do Sul, tocam os tambores, agogôs, caxixis, berimbaus, pandeiros e reco recos, fazendo base para a cantoria de todos. Enquanto isso, outro tanto deles evolui nos movimentos ágeis e de incrível beleza plástica, fazendo golpes sem tocar o “adversário”. Visitantes, com algum conhecimento da arte da Capoeira, também se apresentam para o jogo da Capoeira.

Os corpos demonstram flexibilidade, mobilidade e velocidade incríveis, tornando o jogo um belo atrativo, ao contra luz das poucas lâmpadas, haja vista a proposta de se estabelecer a mais fiel conexão com o ambiente dos tempos passados.

Durante duas horas a roda de jogar Capoeira só para por alguns momentos.

Quando os relógios marcam 23h, começam os preparativos para o momento de dançar o Jongo. Por ser um Jongo capoeirista, os tambores da dança ficam sob uma árvore e os atabaques da Defesa continuam soando para a Diversão.

Apesar de anunciada sua presença, o jongueiro velho Mestre Totonho não compareceu, cabendo ao próprio Jefinho do Tamandaré abrir a festa prevista para atravessar a noite.

Antes de a dança se iniciar, o anfitrião apresentou a escritora e jornalista Lúcia Helena Issa, a qual destacou o valor da manutenção dos ensinamentos ancestrais, referiu seu trabalho de pesquisa, enquanto escritora, posicionando-se quanto a importância da isonomia entre religiões e explicou um pouco sobre a errônea interpretação popular quanto às práticas umbandistas, principalmente.

Ao soar dos tambores, os participantes fizeram sua reverência aos mesmos, pedindo licença para dançar.

Jefinho abriu a noite de Jongo com o ponto tradicional: “Eu vou abrir meu canjuê, eu vou abrir meu canjuá. Primeiro peço a licença da rainha lá do mar, pra saudar a povaria, eu abrir meu canjuá”.

Enquanto seguia a cantoria do ponto, a procissão diante dos tambores continua e quem já os “saravou” (saudou) começa a dançar, com passos no sentido anti horário, destacadamente aos pares (um homem e uma mulher)

A cada porção de tempo, os pares se modificam com a entrada de uma mulher, pedindo licença para a primeira e continua a dançar com o homem. Em seguida, é um homem a pedir licença para aquele na dança, o qual se retira e isso se repete infinitamente, enquanto houverem tambores e vozes e palmas fazendo a energia pulsar.

O Jongo atravessa a madrugada de 07 de setembro e as vozes, palmas, tambores, cores e suores acolhem o dia de comemorar a Independência.

Não presenciamos o dia se insinuar pelos vãos das árvores e das silhuetas, mas acreditamos ter sido um belo espetáculo de celebrar os ancestrais.

Para assistir ao vídeo, faça stop no player de nossa web radio>>>>>>>>>>>

 

Texto: Marcos Ivan.

Fotos: Marcos Ivan e Edna Maischberger

 

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