CULTURA: Jongo da Independência atravessa a noite em Guaratinguetá

Jogo da Capoeira aquece os tambores para a dança do Jongo acontecer

Preservação, termo em evidência quando as pessoas trabalham pela promoção da consciência pela melhor qualidade de vida.

A vida de todos nós tem um tempo. Justo e incomparável.

Esse tempo de cada um de nós precisa de cuidados, para a sua história, na História dos Tempos, não vir a ser fragmentada em pedaços de gravação.

Em Guaratinguetá, SP, a Estância Turística do já considerado Distrito Turístico Vale da Fé, inserido na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, é notável o trabalho preservador das tradições culturais, com a integração de muitos apreciadores e praticantes do jogo da Capoeira e da dança do Jongo.

No Tamandaré, conhecido bairro do município, essas duas atividades da cultura popular se inteiram e consolidam a herança cultural.

Há alguns anos surgiu, por iniciativa do pessoal capoeirista, o Jongo da Independência.

Fruto da dedicação do mestre Jefinho do Tamandaré, o encontro se realiza na véspera da comemoração da proclamação da Independência, ou seja, dia 06 de setembro de cada ano.

Num terreiro de chão batido (e precisa ser assim, mantendo a tradição do chão de roça), os mestres capoeiristas e os demais praticantes fazem soar os tambores e a roda começa o jogo.

São, pelo menos, duas horas de muita velocidade, ginga, esperteza, mortais incríveis e palmas, muitas palmas, contrapondo atabaques, agogôs, caxixis, pandeiros, reco recos. Todos em perfeita harmonia com a “fala” dos berimbaus.

“Deixa meu gunga dizê / deixa meu gunga falá / você vai logo entendê, meu irmão / como é quié vadiá / Deixa meu gunga batê / deixa a viola fala...”

A cantoria começa a ganhar corpo e os pés descalços, as vestimentas brancas (normalmente, mas não obrigatoriamente), as cordas de muitas cores entram no ritmo e a Capoeira acontece, emoldurada por insinuantes faíscas da fogueira.

Por volta das 23h, tambores e povo parecem entender já ser hora de abrir espaço para acontecer o Jongo.

A essa altura, o jongueiro mais velho é quem comanda a abertura da dança e, na noite da festa essa honra caberá a Mestre Totonho, jongueiro de muitas tradições.

Costumeiramente o jongueiro velho faz uma fala em homenagem aos ancestrais: “Saravá os nêgos velhos! Saravá todo o povo do cativeiro! Saravá Zumbi dos Palmares! Saravá tambu” Saravá meu Santo Antônio Pequenino! Saravá Estrela Guia, meu povo dos altos”.

Run, Pi e Le, os “tambus” vibram ao toque das mãos, sem baquetas, e Mestre Totonho canta o ponto de abrir o jongo: “Eu vou abri meu jongo ê! / eu vou abrir meu jongo á! / Eu vou abri meu jongo ê! / eu vou abrir meu jongo á! / Primeiro eu peço a licença à Rainha lá do Mar / pra saudar a povaria / eu vou abri meu jongo ê!”

Nesse tempo, se você ficar arrepiado e até perceber algumas gotinhas de emoção rodeando suas pupilas, deixe acontecer. É jongo, é cultura, é tradição, ancestralidade. E pode entrar na dança, mesmo em sendo só para experimentar!

Jongo da Independência, um tempo de entender melhor sobre não existirem diferenças quando a história e a cultura são preservadas e transmitidas.

Serviço:

VIII Jongo da Independência

Dia 06 de setembro, a partir das 21h

Estrada Prof. André Alckmin, 2.000

Jardim Tamandaré, Guaratinguetá, SP.

Para quem desejar guardar uma lembrança do Jongo do Tamandaré, existe uma camiseta com arte abaixo na foto, na qual está o modo de encomendar.

Apoio: Canal39 / Revista39 Digital

Ser simples não é complicado.

Veja, abaixo, um registro feito pela reportagem do Cana39 durante o V Jongo da Independência.

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