HISTÓRIA: Press Trip mergulha no Solar Aguiar Vallim, em Bananal

Edifício dos tempos do Ciclo do Café, apesar de tombado, clama por restauração

NOTA DA REDAÇÃO:

Cabe, aqui, nosso destaque: a bordo do time da Press Trip organizada por Cristina Lira, a convite da Secretaria de Turismo de Aparecida (SP), nos permitimos emitir nossa opinião profissional pessoal, e independente, não representando a fala dos demais jornalistas.

Imagine-se adentrando um verdadeiro solar, ainda nos tempos do império, para uma noite de sarau, com direito a banda de musica, comes e bebes, trajes dos tempos das sinhás e sinhazinhas...

Daí você percebe o aroma da alguma coisa muito gostosa, vindo das entranhas do casarão para ser servida aos convidados.

Os chapéus, cartolas, guarda-sóis (ou guarda-chuvas) eram colocados em separado. Dos homens, para um lado; das mulheres, para o outro.

Nesses saraus aconteciam conversas “sociais” e muitas outras comerciais. Ali, no Solar Aguiar Vallim, no centro da cidade de Bananal, era assim: aconteciam eventos para diversão e negócios, pois o proprietário era um dos mais influentes comerciantes brasileiros da época.

A Guia de Turismo Luzinete foi quem nos contou: a demonstração de poder econômico se dava por conta das grandes construções e pelo número de janelas...

O comendador Manoel de Aguiar Vallim sabia existirem outros prédios, mesmo em taipa de mão, com treze janelas. Mandou fazer 16, pois seu “poder de fogo” era maior.

Não há como fazer a mente viajar pelas dobras do tempo e da História. Entretanto, é de se lamentar como as coisas estão praticamente sem nenhum tipo de preservação, em termos de referências históricas e possibilidade de uso, consolidado como atrativo do Turismo Cultura.

Atualmente, apesar de tombado pelo CONDEPHAAT, o Solar Aguiar Vallim clama por ações de preservação. Seu conteúdo é riquíssimo em detalhes de importante página da História e da Cultura.

Painéis, com fotografias antigas, ampliadas, nos contam, por exemplo, a respeito da chegada de chineses a Bananal, por volta de 1835... Outro, ainda, mostra uma das “bandas de negros” as quais faziam a trilha sonora durante os saraus. “Aquele branco, no meio da foto, é o maestro contratado para ensinar aos escravos escolhidos pelo senhor a arte da música”, explicou Luzinete.

Interessante é sabermos ter existido, no salão de baile, um palco sobre o qual os músicos tocavam. Algo um tanto diferente dos palcos comuns... Os convidados não enxergavam quem estava tocando. Também não se encontravam com os servos do casarão, pois havia um caminho diferenciado para eles circularem; a cozinha era de acesso exclusivo de quem trabalhava...

Nas paredes, um tanto bom de pinturas do artista José Maria Villaronga y Panella sobrepõe-se, segundo referência dada pela nossa Guia de Turismo, às pinturas originais feitas pelos chineses.

Interessante foi podermos conhecer o espaço onde os capatazes ficavam para vigiar os escravos. Um cubículo, com pouco mais de um metro de lado, no piso superior ao térreo onde os negros trabalhavam.

O piso térreo do local serve como base de apoio para atividades culturais; como “camarim” para a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, durante as festividades de Natal 2021, por exemplo; central de produção dos crochês para decoração das praças, etc.

Amplas salas, madeiramento com entalhes, portais em arcos... Piso em madeira maciça, em risco de perda total... Marcos da história emanando sinais de indispensável e urgente resgate.

As enormes portas externas têm suas fechaduras bem preservadas, e cada uma delas tem, na ranhura onde se colocam as chaves, o desenho do respectivo número delas.

O Solar Aguiar Vallim já serviu como Coletoria, Escola, Sede da Administração Pública e – atualmente, abriga a Associação de Artesãos.
Segundo o secretário de Turismo, Pedro Grande, o qual nos acompanhou em todas as atividades da Press Trip e – comprovadamente – tem promovido grandes avanços para a melhor divulgação do turismo receptivo na cidade, existiu um projeto de restauração sem a necessária evolução.

Símbolo de um tempo de muita riqueza e poder, o Aguiar Vallim precisa – e merece – urgentes ações para seu resgate, haja vista a degradação natural por falta de manutenção e a possível presença de pragas e roedores.

Considerando-se os projetos de incentivo para a preservação de marcos históricos, acreditamos existirem pessoas capazes de iniciarem um movimento pela efetiva restauração do Solar Aguiar Vallim.

Não é possível utilizar-se da fachada do prédio como atrativo turístico. A energia do turismo receptivo bananalense pode ser o ponto de partida para a existência, sim, de um edifício cujo conteúdo possa levar o turista a conhecer importantes momentos da História do Ciclo do Café e da própria História do Brasil.

Certamente, com esse verdadeiro resgate, Bananal ganha muito em referência como verdadeira Estância Turística.

Como Estância, Bananal tem direito a repasses feitos pelo DADETUR – Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos, como aconteceu no início desta semana.

Naturalmente o repasse, destinado a ações de promoção e fomento do Turismo, não contempla o valor total da restauração do Solar Aguiar Vallim. Porém, com o envolvimento do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo, assistido por técnicos e historiadores, há a possibilidade de se contratar a elaboração de um projeto de restauração.

Recomendamos os responsáveis pelo Turismo, por parte do Executivo, ficarem atentos para os desdobramentos para elaboração de um Projeto para Captação de patrocínios cuja receita seria destinada ao custeio da obra de restauração.

Outro caminho, provável, é aproximar-se ao máximo da Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo, com o intuito de – documentalmente (projetos) – obter algum tipo de apoio/direcionamento para a salvação do Solar Aguiar Vallim.

Bananal tem histórias compondo a História do Brasil. Não se deve deixar estas páginas serem apagadas...

 

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Texto: Marcos Ivan de Carvalho, jornalista independente especializado em Turismo

Fotos: Edna Maischberger / Marcos Ivan, Canal39.

A reportagem do Canal39 viajou a convite da Secretaria de Turismo de Aparecida, em parceria com a jornalista Cristina Lira (Turismo & Negócios) e a Guia de Turismo e Gestora de Turismo Maria Jovita Villela.

 

 

 

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