CARNAVAL: Silveiras movimenta a região com sua Tropereta

Festa pré carnavalesca mostrou o 4º Festival de Marchinha Caipira e bons shows

A Prefeitura de Silveiras realizou, por meio de sua Secretaria de Cultura e Turismo, a edição de número quatro do Festival de Marchinha Caipira, contando com o apoio do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo; Polícias Militar e Civil; além dos demais setores da administração envolvidos .

Das composições inscritas, a comissão selecionadora escolheu 15 delas, as quais mais atendiam o principal item de avaliação, que era ter, obrigatoriamente, no contexto da letra, elementos do universo caipira.

Na primeira noite, sexta-feira (08), todas as 15 passaram pelo primeiro funil de avaliação, pelo júri de premiação, ficando 10 delas para a apresentação na noite de sábado (09), quando foram conhecidos os trabalhos que mais se ajustaram ao parâmetro inicial, além de terem avaliação nos demais quesitos, os quais eram: melodia, apresentação e interpretação.

Contando com uma boa e dedicada banda de apoio, os concorrentes disputaram a premiação defendendo suas marchinhas pessoalmente o por meio de seus intérpretes convidados.

Com notas a partir de 01 até 10, os cinco julgadores concluíram sua avaliação a qual resultou no seguinte resultado:

3º lugar - “Tatuntum” - de Claudia Fleury (GO) – interpretada por Cláudia Fleury, Tereza Isoldi (Silveiras) e Jorge Orlando (GO), com nota final 7,5;

A autora trabalha a imaginação das pessoas para o representação sonora associada das batidas de um coração às batidas da mão de pilão, este muito utilizado, ainda hoje, em diversas localidades brasileiras, principalmente na roça, para a produção de farinhas e paçoca. Essa onomatopeia é o título da marchinha cuja letra, em um trecho traz a retratação da proposta: “ E este tal de tatuntum no peito, que nem Maria batendo pilão”

2º lugar - “ Tá nervoso” - de Jorge Orlando, com o autor, nota 7,57

Orlando passeou pelo universo caipira, narrando um suposto momento de relacionamento bem familiar. Aliás, família é de enorme importância para o universo caipira.

Utilizando expressões comuns, como “santo de pau oco”, “acender um paiêro (cigarro de palha) para espantar mutucas (espécie de moscas com habitat próximo a rios e lagoas, sendo que as fêmeas incomodam muito aos animais e seres humanos, por se alimentarem de sangue), o autor deu conta do recado com muita habilidade e sem perder de vista o foco principal.

Ao final da narrativa, o Jorge destaca o título da marchinha no trecho: “Carne de sol como paçoca, dentro do emborná / Mãe ajeitou a matula e lascou um conselho: “Tá nervoso? Vai pescá!””

1º lugar - “O Jeca”, de José Roberto Landim (Lagoinha), com Robertinho e Amarildo, ambos de Lagoinha, nota 7,7.

Com uma vinheta incidental de “Tristeza do Jeca” (Angelino de Oliveira ), subjetivamente remetendo a todos para o maravilhoso universo caipira, ao mesmo tempo homenageando o autor e a dupla Tonico & Tinoco, intérpretes primeiros da canção, Robertinho & Amarildo também demonstraram a importância da manutenção de tradicionais movimentos caipiras, como os moçambiques, reizados, folias, congadas, etc. Logo após a vinheta musical, utilizaram-se de um apito, emitindo o mesmo tipo de sinal utilizado nesses momentos de explícita cultura popular.

Quando a banda atacou o ritmo de marchinha, os dois deram conta do recado e ainda avisaram; “Neste carnaval nem que eu leva a breca / eu vou pular no bloco do Jeca”.

Além disso, Amarildo evoluiu em passos de danças caipiras, valorizando a composição e inserindo-a plenamente na proposta do Festival.

Os premiados receberam, das mãos do prefeito Guilherme Carvalho, troféus produzidos pelo artesão silveirense Márcio Tavares. Essas obras, bem ao estilo caipira, representam os muares com suas cangalhas.

Além de troféu, foi-lhes entregue premiação em espécie.

Aplaudindo a criatividade e esforço dos demais autores em participarem de um concurso musical, por integrarmos o júri de classificação, fizemos algumas anotações a respeito de seus trabalhos e as apresentamos como forma de orientação para as próximas participações em festivais:

Carnaval no céu” (Gerson Amaro) – Em uma viagem imaginária ao céu, Gerson encontra duas magníficas expressões da música brasileira e as associa ao carnaval, fazendo citação dos mais conhecidos sucessos dessa dupla: “Oi paixão” (Tião Carreiro e Pardinho) e “As rosas não falam” (Cartola). Seria um carnaval no céu, com pandeiro e viola. Entretanto não houve, efetivamente, a exploração da temática estabelecida para o concurso.

Jofre Capucho, em “Matinê”, pinçou a frase inicial de uma das mais consagradas marchinhas de carnaval (“Mamãe eu quero”, de Al Stillman, Jararaca e Vicente Paiva) para sugerir um carnaval infantil na roça. Abordou elementos do universo caipira e pecou, ao nosso ver, em dois pontos de sua apresentação: seu figurino lembrava o Chapolin (nada caipira) e se prejudicou ao tentar desenvolver uma coreografia para pular seu carnaval caipira.

Vara de marmelo” - Kaique Lennon e Tarcísio. Uma distante referência ao universo caipira, com a prática de se educar os filhos com esse temido instrumento que intitula a marchinha. Essa obra ficou para a final, classificada por um quarteto. Na segunda noite, apenas um dos quatro compareceu, prejudicando a apresentação. Apesar desse desfalque, a letra também sofreu alterações desde a primeira vez e, como já citado, não atendia plenamente à exigência principal do concurso, que era referir a caipirice.

Com “Maestro Julião e Maestrina Meninica”, Walter Leme, consagrado e veterano participante de festivais carnavalescos, sendo – inclusive – responsável pelo resgate desse tipo de certame na cidade de Pindamonhangaba, prestou homenagem aos silveirenses, ao maestro João Batista Julião, filho de Silveiras e idealizador do Instituto de Artes da Unesp, e à maestrina Meninica, que tocava saxofone em eventos pelos bairros da cidade. A letra continha referências temáticas exigidas, mas o intérprete convidado precisou de ter uma “cola” para não se esquecer do texto. Curiosamente, as primeiras notas da melodia lembravam uma canção dos anos setenta, interpretada por Ângelo Máximo: “A primeira namorada” (Nicéas Drumont).

A festa é roça”, composição e interpretação de Jofre Capucho, também fez um breve passeio pela roça, alinhavando alguns detalhes desse universo. O autor fez uso da tecnologia do celular para não esquecer a letra e se prejudicou na tentativa de coreografar a marchinha.

Abordando mais a temática da preservação ambiental do que atendendo à exigência primeira do Festival de Marchinha Caipira de Silveiras, “Urubu rei”, de Sofia Vilhena e Tarcísio, sofreu as mesmas consequências de ter sido classificada por uma formação de intérpretes e, na final, somente Sofia foi ao palco. Apesar desse prejuízo, a abordagem temática foi muito superficial e a intérprete solitária se esforçou em defender a composição.

J. Pimentel, de Taubaté, falou da tradição de se fazer o feijão tropeiro e de se cuidar dos animais da tropa. Com letra enxuta, frisando a tradição, a qual se perpetua anos a fio, “É gosto, é tradição” é uma composição sem surpresas. Pimentel se apresentou “traiado”, com direito a chapéu, bota, faca na cintura, calças e camisa de tropeiro. Entusiasmou-se sobre o palco, prejudicando sua respiração e interpretação.

Atrações

A Tropereta, com o 4º Festival de Marchinha Caipira de Silveiras, contou, em sua grade de atrações, com os shows de Banda Sax Som (na sexta-feira); Juca Teles e Banda (em sua versão palco, a qual é muito mais atrativo do que a versão itinerante) e Banda Os Incansáveis, ambas atrações no sábado da final.

Em breve fala, por ocasião da premiação, o prefeito Guilherme Carvalho (foto ao lado) cumprimentou a todos os participantes e à sua equipe de trabalho, agradeceu a presença indispensável do público e reforçou suas propostas de continuar promovendo ações pela Cultura (“um povo sem cultura é um povo sem história”) e pelo Turismo, pontos importantes de seu programa de governo.

A reportagem do Canal39 agradece ao convite formulado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Silveiras.

(Texto: Marcos Ivan / Fotos: Edna Maischberger e Marcos Ivan, Canal39)

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