GASTRONOMIA: Caipirinha pode perder posição no TOP100 mundial

Geração Z de Bartenders brasileiros não reconhece o valor dessa típica bebida brasileira

Você sabia que um dos nossos maiores ícones internacionais brasileiros poderá desaparecer?

(Por: Miriam Petrone)

Sim, eu te conto...

Isto mesmo que você está lendo.

E, como eu, se você é brasileiro, maior de 30 anos, que conhece um pouco da história e cultura brasileira irá ficar no mínimo indignado e revoltado.

Porque afinal, embora oficialmente de origem paulista, a Caipirinha já é patrimônio cultural, histórico e imaterial do Estado do Rio de Janeiro, sancionada pela Lei n°8576 de 24/10/2019 e teve como idealizador do projeto o deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ). E muitos outros atributos a Caipirinha como projetos para que se torne o cocktail número 1 do Brasil. Reconhecida internacionalmente junto ao Futebol e Carnaval. A caipirinha já tinha status de “bebida típica do Brasil” por legislação federal (Decreto 6871), na qual é caracterizada por ter “graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar”.

Voltando ao título da nossa matéria

A nossa Caipirinha está correndo um grande risco de sair da prestigiada lista dos 100 Cocktails mais conhecidos do mundo, feita pela International Bartenders Association - IBA.

Um dos motivos é que a nova geração de Bartenders brasileiros, da geração "Z", não consideram a Caipirinha como nossa legítima representante e da cultura brasileira como nosso melhor cocktail a base de cachaça.

Você está indignado?

Imagina a geração dos verdadeiros e legítimos representantes dos Bartenders brasileiros, aqueles cuja origem ainda são voltados à fidelidade das convicções e a favor da cultura e história do Brasil.

Mas, como em todas as áreas sempre tem um buraco mais fundo. E, aqui dá-lhe profundidade...

Outro motivo é a falta de investimentos da indústria de cachaça em divulgar o produto nacional e sua musa inspiradora a Caipirinha.

E, aí vem o que julgo ser o punhal encravado no peito de quem gosta, trabalha ou prepara uma boa Caipirinha.

A turma de Bartenders brasileiros da geração "Z" elegeram o rabo de galo como autêntico cocktail brasileiro por unir a nossa cachaça e a tradição italiana do Vermouth tinto.

Estou aqui pra contar tudo… e você tirar suas conclusões e ajudar a divulgar.

Então, fizeram uma campanha com a hashtag #rabodegalonaIBA e assim conseguiram uma adesão expressiva de seguidores, votantes etc e, desta forma o Rabo de galo passa a categoria de mais conhecido que a nossa Caipirinha.

Sim, isto que você está lendo. Não é ficção ou fake news. Antes fosse, assim poderíamos fazer um comunicado e desmentir. Mas, não é o caso. O assunto é bem sério e o que está em risco é nossa cultura, nossa história e nossa identidade. Principalmente corremos o risco de perder a nossa rainha como representante na próxima lista dos 100 Cocktails mais conhecidos do mundo.

Uma pergunta simples

Você conhece rabo de galo? Pode até ser que sim? A maioria já experimentou? Creio que não!

Se somente uma minoria experimentou posso dizer...

É igual caviar daquela música, nunca vi eu só ouço falar.

Um pouco de história se você gostar de saber, entender e claro de ler!

Apesar de ter se tornado patrimônio imaterial fluminense, a caipirinha é uma bebida de origem paulista, criada na região de Piracicaba, no Século 19, segundo o historiador Luís da Câmara Cascudo. Somente no Século 20 o cocktail chegou ao Rio de Janeiro.

Já o Instituto Brasileiro da Cachaça aponta que a invenção da bebida foi no Século 20, também no interior de São Paulo, 1918. Sua difusão pelo país teria ocorrido a partir da Semana de Arte Moderna, de 1922, com a popularidade que o drinque ganhou entre os artistas.

Origem do nome

Uma das versões para o nome da bebida diz que, vinda de Piracicaba, quando chegou ao porto de Santos, ela recebeu o apelido de “caipirinha” devido sua origem interiorana, ou seja, caipira.

Outra versão diz que o nome faz alusão as pessoas que bebiam o    cocktail originalmente, que eram os caipiras vindos do interior. Como os ingredientes para fazer o cocktail eram muito baratos, a receita se tornou muito popular entre pessoas mais simples.

Independente de qual versão esteja correta, vale lembrar que o nome caipirinha se refere apenas ao cocktail feito com cachaça. A receita adaptada com vodka, saquê ou outras bebidas alcoólicas recebe outros nomes e não é uma caipirinha propriamente dita.

Vamos divulgar, discutir, usar a hashtag #caipirinhanaIBA nas redes sociais, criar grupos e levar ao Senado Federal.

Porque a Caipirinha é minha, é sua, é nossa história!

(Miriam Petrone é jornalista, gastrônoma e Presidente ABRAJET-SP)

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